A relação entre frutas e diabetes requer cuidado devido à alta concentração de carboidratos como glicose e frutose, que elevam a glicemia.
Apesar de comum, afirmar que o consumo de frutas é irrestrito é um mito. Essa afirmação, que circula pela Internet, estimula o excesso do alimento e preocupa os agentes de saúde.
Dados da última edição do Atlas de Diabetes da International Diabetes Federation (IDF) mostram que 463 milhões de pessoas estão com diabetes no mundo. Esse número corresponde a 9,3% da população mundial, sendo que mais da metade dos adultos com a doença ainda não foram diagnosticados. Os números ainda apontam que o diabetes tipo 2 é o mais presente e atinge 90% dos pacientes.
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O diabético precisa ter cuidado ao consumir alimentos ricos em carboidratos, incluindo as frutas com maior teor de açúcares, como caqui, abacaxi, melancia, banana, figo e jaca. Uma das melhores formas de controlar o nível da glicose no sangue é ingerindo alimentos pouco açucarados e ricos em fibras.
Por isso, é importante ressaltar que a relação entre frutas e diabetes exige cuidado. Vamos saber mais sobre o assunto?
Diabetes tipo 1 e 2
O diabetes é caracterizado pela dificuldade em metabolizar a glicose, seja pela falta ou má atuação da insulina. O hormônio é responsável por transformar a glicose em energia e, por isso, um diabético precisa realizar o controle da glicose regularmente.
O diabetes mellitus pode ser dividido em alguns tipos, que possuem como característica o aumento da glicose no sangue. Veja a seguir os principais:
- Tipo 1 – É caracterizado pela deficiência completa na produção de insulina. É o tipo de diabetes mais comum em crianças e adolescentes, e exige a aplicação diária de insulina para o controle da glicose.
- Tipo 2 – É caracterizado pela insuficiência na produção ou resistência à insulina. É o tipo mais comum, em todo o mundo, e atinge principalmente pessoas acima de 40 anos. Em alguns casos, o paciente pode ser insulinodependente, pois também precisa aplicar insulina.
Veja, que no primeiro caso, o pâncreas não produz o hormônio, com isso, o açúcar permanece no sangue e não é transformado em energia por meio da metabolização. Já no segundo caso, há algum fator que causa a resistência à insulina, e isso provoca o aumento do açúcar no sangue. Você sabia disso? Acompanhe a coluna para conhecer mais fatos sobre a doença.
Frutas e diabéticos
A relação entre frutas e diabetes requer cuidado devido à alta concentração de carboidratos, como a glicose e a frutose, que elevam a glicemia.
Quando uma pessoa sem a doença consome uma fruta rica em carboidratos, como a banana, o organismo quebra as moléculas de açúcar e realiza a metabolização da glicose por meio da insulina. No caso de um indivíduo com diabetes, os altos níveis de glicose gerados pelo consumo da fruta podem causar diversos problemas por conta da dificuldade em metabolizar o açúcar.
Assim, a orientação para o diabético é realizar um consumo moderado de frutas, sem exageros. Além disso, é recomendado escolher as frutas considerando o índice glicêmico de cada uma, para que não ocorra um descontrole das taxas sanguíneas.
As frutas que possuem altos índices glicêmicos não precisam ser eliminadas do cardápio. Elas podem ser consumidas junto com outros alimentos para retardar a absorção de seus açúcares. Veja as nossas dicas abaixo:
- Acrescente fibras, como granola, farelo de aveia, chia ou linhaça.
- Adicione oleaginosas, como castanhas, amêndoas e macadâmias.
- Associe ao consumo de alguma proteína, como iogurte natural ou leite desnatado.
Destaco ainda outras recomendações:
- Consumir frutas com casca e bagaço.
- Escolher frutas da época e orgânicas, preferencialmente.
- Comer a fruta in natura, sem processá-la.
Quais frutas são recomendadas?
Felizmente, o diabético não precisa abrir mão do consumo de frutas para ter o controle da glicemia. Mas é importante seguir algumas recomendações para escolher as melhores opções.
As frutas mais indicadas para os diabéticos são as que possuem menos açúcares e mais fibras. Separei alguns bons exemplos:
- coco – rico em fibras, potássio, fósforo e magnésio;
- abacate – rico em gorduras boas, potássio e fósforo;
- damasco – contém grandes quantidades de cobre e vitaminas A e E;
- pera – contém potássio, fósforo, cálcio e magnésio;
- maçã – com casca, uma maçã fornece até 20% das fibras diárias;
- laranja – rica em fibras e vitamina C;
- morango – fonte de vitamina C, fibras e antioxidantes.
Mesmo sendo permitidas em uma dieta para controle da glicemia, é importante que o consumo dessas e de outras frutas seja realizado com moderação. Nada de exagerar, certo?
Também é importante consultar um nutricionista ou nutrólogo para saber quais opções colocar no cardápio. Mesmo com vários benefícios, algumas pessoas precisam reduzir o consumo de frutas e montar pratos que supram suas necessidades nutricionais.
E já que citamos as fibras alimentares, vou explicar mais sobre essa substância tão benéfica para os diabéticos.
Fibras alimentares
Estão presentes nas frutas e em vários alimentos naturais, e possuem inúmeros benefícios para os pacientes com altas taxas glicêmicas. Segundo a Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD), as fibras são importantes para a prevenção e o tratamento da doença. Elas podem ser classificadas entre solúveis e insolúveis. Ambas possuem um papel importante para o organismo, sendo que a solúvel controla a glicemia e a insolúvel auxilia no trânsito intestinal e na saciedade.
Por promoverem o controle da glicemia e aumento da saciedade, as frutas que possuem alto teor de fibras são mais recomendadas para quem tem diabetes. Vale lembrar que a forma de consumo mais recomendada é in natura e com casca.
Um dos principais problemas no consumo de sucos é a quantidade de fruta que é preciso para fazê-los. Por exemplo, para preparar 500 ml de suco de laranja gasta-se em torno de 6 unidades, sem contar que o processo para preparar a bebida elimina aquela parte branca interna que são fibras extremamente benéficas ao organismo.
Estudos afirmam que o consumo de suco eleva os riscos de desenvolver diabetes tipo 2, justamente por conter a quebra das fibras e pelo aumento significativo de açúcar, mesmo sendo natural. Vale o cuidado e a atenção ao escolher as bebidas que acompanham a refeição.
Quais frutas devem ser evitadas?
Apesar das recomendações que citei durante a coluna, não existe fruta proibida para o diabético. Contudo, algumas opções devem ter seu consumo controlado, pelo alto índice glicêmico.
O mais importante em uma dieta para diabéticos é evitar o consumo de frutas processadas, sucos concentrados, polpa de frutas com açúcar, frutas em calda, cristalizadas ou secas. Além disso, é importante consumir frutas em pequenas quantidades para que elas não se tornem vilãs no controle da glicemia.
Atenção às opções que possuem os maiores índices glicêmicos: caqui, abacaxi, goiaba, banana, mamão, manga, melão, melancia, uva, figo, jaca e ameixa-preta. Essas frutas podem elevar a glicemia, tornando mais difícil a metabolização do açúcar no paciente com diabetes.
Vale lembrar que a quantidade, forma de consumo e o acompanhamento também podem representar perigo. Consulte um profissional para montar um cardápio ideal para a sua realidade.
Frutas secas
Elas parecem inocentes, mas também podem ser um perigo para os diabéticos. Comuns em diversos tipos de dietas e produtos classificados como fitness, as frutas secas concentram mais quantidades de açúcar.
Além disso, por serem pequenas, acabamos consumindo em maior quantidade. Reflita: O que é mais fácil ingerir, três damascos secos ou frescos?
Em alguns casos, além da remoção da água naturalmente presente na fruta, certos ingredientes são adicionados para a desidratação da fruta, podendo elevar o índice glicêmico.
Por isso, os diabéticos devem evitar o consumo de frutas secas em excesso. Caso queiram consumir, é preciso moderação, ler o rótulo do produto e verificar a quantidade de açúcar por porção.
E as oleaginosas?
Castanhas, nozes e amendoins são alimentos recomendados aos diabéticos. Porém, apesar de oferecerem diversos benefícios à saúde, eles também possuem grande percentual de gorduras, e devem ser consumidos com moderação, ou seja, não exceda um punhado de oleaginosas por dia.
Outro cuidado com esses alimentos é na hora da compra, evite as opções a granel, já que é mais propensa à contaminação do produto, seja no abastecimento dos potes que ficam expostos ou na pesagem na hora da venda.
É recomendado comprar frutas secas e oleaginosas em embalagens fechadas onde é possível ler o rótulo dos alimentos para identificar a quantidade de açúcar por porção.
Qual é a importância de uma dieta equilibrada?
A recomendação para a prevenção e o tratamento de diabetes é uma dieta equilibrada, pois proporciona diversos benefícios para a saúde, como aumento da disposição física, controle dos níveis de açúcar no sangue, melhor funcionamento do intestino, prevenção de diferentes tipos de doenças e aumento da saciedade.
É importante reforçar o cuidado com as dietas da moda que surgem com promessas milagrosas e orientações sem embasamento científico.
Como engenheira de alimentos e coordenadora do Centro de Competência de Alimentação e Saúde da PROTESTE, sugiro consultar um médico e um nutricionista para controlar doenças como o diabetes.
A PROTESTE, maior associação de consumidores da América Latina, surgiu com o compromisso de levar informação e conhecimento para os consumidores. Acreditamos que informações baseadas em pesquisas científicas podem melhorar os hábitos de consumo. Confira mais dicas e conteúdos relevantes no blog MinhaSaúde.