Falta de rotina, interação, separação do tutor e mudanças bruscas podem afetar o animal
Luana Viard | 25 de Novembro de 2024 às 19:28
O Brasil possui a terceira maior população de animais de estimação do mundo, com 149 milhões de pets, conforme o censo mais recente do Instituto Pet Brasil, de 2021. Em entrevista ao Opinion Box, 81% dos entrevistados afirmaram que consideram seus animais como membros da família.
Esse estreitamento do vínculo familiar resultou em uma "humanização" dos cães, o que, embora leve a mais cuidados e atenção, pode ser prejudicial se for excessivo, já que os afasta de seus instintos naturais e pode criar uma dependência do tutor.
Uma das consequências disso é a ansiedade em cães, que pode surgir tanto pela separação do tutor quanto pela falta de estímulos, atividades e uma rotina estruturada.
“Cães são animais que gostam de atenção e acumulam muita energia. Quando essas demandas não são atendidas, a ansiedade surge. Isso pode desencadear outras questões de saúde, como transtornos gastrointestinais ou alterações no sistema imunológico”, explica Marina Meireles, veterinária comportamentalista do Nouvet, centro veterinário hospitalar de São Paulo.
Além da dependência do tutor e da falta de atividades, mudanças repentinas também impactam o animal. A chegada de um novo pet ou bebê, a mudança de residência, a perda de um ente querido, ou uma relação instável — como quando o tutor oscila entre carinho e conflito — são alguns dos fatores que geram medo no cão e podem desencadear a ansiedade.
Nesse contexto, antecipando uma mudança na rotina, o tutor deve planejar uma adaptação gradual do pet aos novos cheiros (como no caso de um novo pet ou a chegada de um bebê) e aos novos ambientes (como em uma mudança de casa). Para isso, é recomendável buscar a orientação de um veterinário comportamentalista, que poderá oferecer as melhores estratégias para esse processo de adaptação.
Às vezes, os sinais de que o cão está sofrendo de ansiedade podem ser discretos. Por isso, os tutores precisam ficar ainda mais atentos ao comportamento do animal. Entre os sintomas mais comuns estão: medo, perda de apetite ou comer em excesso, lambedura compulsiva do corpo, hiperatividade ou apatia, aumento na frequência de latidos altos, salivação excessiva, necessidade de marcar território dentro de casa e destruição de objetos.
“Ao primeiro sinal atípico que o tutor identificar, o pet deve ser levado ao veterinário para consulta. O diagnóstico será feito por meio do histórico do pet e de um check-up clínico para descartar outras doenças e problemas que possam estar causando o problema”, comenta Marina. “Já para o tratamento, é aconselhável contar com um especialista comportamental que avaliará o caso e indicará as melhores alternativas de terapias, que também podem incluir a ação conjunta com medicamentos”, complementa.
Hábitos saudáveis e consolidados sempre são eficazes. Por isso, a especialista do Nouvet destaca que incentivar brincadeiras com estímulos ambientais e manter as rotinas de passeios e alimentação são ações que os tutores podem adotar ou melhorar para ajudar a reduzir o comportamento ansioso do pet. Além disso, é importante considerar a diversificação dos ambientes onde o cão passa o tempo, oferecendo novos espaços e brinquedos, além de recompensas que estimulem seus instintos de caça e olfato.
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