Muita gente ainda tem dúvidas se é permitido praticar musculação e outras atividades físicas na gestação. Confira o que diz a ciência!
Quando Viviane me ligou, seu tom de voz era de aflição. Perguntei se estava tudo bem e ela me respondeu: “André, tudo ótimo. Estou muito feliz, pois estou grávida, mas passei a gostar tanto da musculação que não quero parar. Só que agora estou com medo de continuar e prejudicar minha gravidez.”
Viviane, que até três anos atrás era sedentária, faz aulas de hidroginástica, anda de bicicleta regularmente e há cerca de um ano e meio começou a fazer musculação.
Ela ficou muito feliz com as mudanças na sua saúde e em seu corpo. Mas agora estava com receio de ter de abandonar as atividades físicas. Chamei Viviane para tomar um café e conversar.
O que a ciência diz sobre a prática de musculação na gestação?
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É muito comum surgirem dúvidas (muitas vezes alimentadas por medo e insegurança) quando uma gestante pensa em atividade física. Porém é bem documentado na literatura científica que gestantes não apenas podem, mas devem praticar atividade física. Os benefícios são muitos e para ambos: mamãe e bebê.
O primeiro passo é responder às seguintes perguntas sobre a gestante: é ativa? Há quanto tempo? Qual atividade física pratica? Qual é o estado de sua gravidez? São perguntas necessárias que irão direcionar toda a jornada da atividade física durante o período da gestação.
Gestantes devem fazer atividade física respeitando suas limitações, considerando as recomendações para essa população e fazendo da palavra segurança uma parceira inseparável. É essencial confiar no professor de educação física que irá acompanhá-la.
Vale destacar que estudos científicos apontam grandes benefícios para o ser humano que chegará ao mundo quando a gestante é ativa. Os resultados apontam que gestantes ativas reduzem os riscos de seus filhos terem problemas cardiovasculares durante toda a vida. Gestante ativa = bebê saudável.
Seu programa de exercícios deve sofrer alterações na gravidez
Retornando à Viviane, ela já praticava atividade física há três anos e não haveria problemas em continuar, desde que adaptações fossem feitas.
Na musculação, Viviane deveria evitar algumas posições (que gerassem sobrecarga na lombar e aumentassem a pressão abdominal, por exemplo), não poderia realizar contrações isométricas (onde há grande exigência de força muscular sem a ocorrência de movimento, elevando bastante a pressão arterial e a frequência cardíaca) e precisaria fortalecer a região do tronco, além de realizar exercícios de alongamento.
Ou seja, seu programa de exercícios sofreria muitas adaptações em virtude da gravidez.
Já em relação às aulas de hidroginástica e aos passeios de bicicleta, Viviane deveria estar atenta aos valores de sua frequência cardíaca e seria necessário diminuir um pouco o volume e a intensidade. Intervalos para redução da pressão arterial e frequência cardíaca teriam ainda mais importância na rotina de treinos dela.
A hidratação é essencial para gestantes e Viviane jamais deveria sentir sede (lembrando que a sede já indica que a pessoa está desidratada). Nunca é demais lembrar que ocorrem inúmeras mudanças no organismo da mulher que está grávida, então suas necessidades energéticas mudam (ainda mais no caso de praticantes de atividade física).
Portanto, recomenda-se a orientação de um (a) nutricionista para que não falte energia para os treinos (e nem para o bebê).
Os benefícios compensam os riscos
Costumo dizer que ser ativa é a primeira prova de amor de uma mãe para um filho, pois é ótimo para a saúde de ambos. Há muitas possibilidades, e respeitando as limitações e considerando as recomendações, toda e qualquer gestante pode e deve praticar atividade física. Os benefícios compensam os riscos.
Hoje Viviane está com quase 7 meses de gestação e ganhou pouco mais de 4 quilos. Está saudável, feliz, sem desconfortos, segura e convicta de que a manutenção de seu estilo de vida saudável foi determinante para chegar bem até aqui.