Muitas pessoas acreditam que se praticar exercício após as refeições é um bom hábito. Entenda melhor sobre essa forma perigosa de pensar.
Encontrei com Antonella na academia. Já havia um bom tempo que eu não a via. Antonella me disse que passou uns meses viajando a trabalho e aproveitou para tirar umas férias. Ela estava com menos massa muscular e havia engordado um pouco e isso a estava incomodando.
Fomos conversando e ela me disse que para evitar que engordasse mais, todos os dias caminhava muito depois de comer (Antonella disse que tinha muitos almoços e jantares de trabalho e sempre acabava comendo mais do que devia). Então, pensava: preciso andar para desgastar o que comi. Foi necessário batermos um papo sobre esse pensamento
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Entenda o conflito metabólico
Muitas pessoas têm esse tipo de pensamento: assim que terminam de comer, querem fazer algum esforço para não correr o risco de engordar. Ouço com frequência: “Nossa, agora nem vou usar o elevador. Vou de escada para queimar o que acabei de comer”. Em viagens isso é ainda mais comum, pois todos nós acabamos comendo um pouco além do normal quando viajamos, sobretudo em férias.
Acontece que isso representa um grave erro fisiológico: quando terminamos de comer (principalmente quando comemos além da conta) precisamos permitir que o organismo faça a digestão. Quando fazemos algum esforço, o fluxo sanguíneo (que deveria ir para o estomago para realizar a digestão) vai para os músculos, o que gera um conflito metabólico.
Exercícios após as refeições
Não é raro de pessoas que resolvem caminhar, praticar exercício ou fazer outro esforço após refeições passarem mal. Portanto, a melhor estratégia é aguardar alguns bons minutos sentado. O tempo irá depender da quantidade e do tipo de alimento que foi consumido.
Claro que caminhar é um ótimo tipo de atividade física e proporciona benefícios fisiológicos. O erro está em querer caminhar logo após comer. É preciso fazer a digestão.
Uma pessoa fisicamente ativa não precisa se preocupar tanto com esse tipo de coisa visto que durante o seu treino há considerável gasto calórico e comer representa a reposição energética. Claro que é preciso equilíbrio e devemos evitar de ter um consumo calórico maior do que o gasto. Quando consumimos mais do que gastamos há ganho de gordura, fato que ninguém quer.
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“Caminhar para desgastar”: entenda o risco
Na conversa com Antonella, me disse que passou mal em alguns momentos da sua “caminhada para desgastar’’. Além disso, contou que permanecia horas com a sensação de ter comido muito. Isso se deve ao conflito metabólico citado anteriormente: seus músculos (coxas, pernas, tronco etc) passaram a exigir sangue durante a caminhada. E enquanto isso, sua digestão foi prejudicada.
Expliquei para Antonella que em suas próximas viagens ela poderia tentar aumentar seu gasto calórico diário fazendo mais atividade física. Expliquei também que não deveria fazer exercício logo após as refeições. Caso não haja escolha e seja necessário caminhar após o almoço ou jantar, sugeri que fizesse uma refeição leve e em pequenas quantidades.
Antonella entendeu as explicações e disse que passaria a comer menos em suas próximas viagens e que deletaria o pensamento de “andar para degastar’’.
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