Exercícios de fortalecimento de força podem ser importantíssimos para o tratamento das dores. Entenda por que você não deve ignorar eles.
Martina fora minha aluna por alguns meses em 2019. Ela tinha uma lesão séria no joelho e sentia dor praticamente o dia inteiro. Conversei um pouco com ela, que me contou seu histórico médico, revelando a enorme quantidade de remédio e sessões de fisioterapia que faziam parte de sua rotina há 2 anos e o quanto as dores lhe incomodavam.
Fiz uma avaliação e era notório que sua musculatura da coxa – essencial para o joelho sofrer menos sobrecarga – estava com níveis de força deploráveis. Foi inevitável lhe perguntar: você está há dois anos tomando muitos remédios e já fez centenas de sessões de fisioterapia e suas dores não melhoram. Ainda acha que vai melhorar?
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Expliquei para Martina que era urgente e necessário realizar um programa de treinamento de força. Foi um desafio, mas consegui convencê-la a interromper o uso de remédio e substituir a fisioterapia pela musculação. Aqui faz-se necessário esclarecer que a fisioterapia tem importante papel em muitas situações e pode auxiliar em muitos casos de lesão.
Combinamos horários, dias, valores e iniciamos. Em poucas semanas, Martina alegava se sentir melhor e suas dores foram diminuindo. Realizei novamente uma avaliação e seus níveis de forçam estavam melhores. Contudo, devido a incompatibilidade de horário, não pudemos dar continuidade no treinamento por muito tempo. Indiquei um amigo para Martina, mas os horários também não bateram. Fiz questão de enfatizar que ela precisaria dar continuidade com o treinamento de força.
O tempo passou
Recentemente encontrei com Martina e perguntei como ela estava, seu joelho, suas dores. Por mais inacreditável que seja, ela me disse que não deu continuidade aos exercícios e voltou para os remédios e fisioterapia. Suas dores estavam mais intensas do que nunca e ela sentia suas pernas muito fracas e tinha dificuldade para abaixar, caminhar e era sofrível ficar muito tempo em pé. Falei para ela que a fisioterapia tem sua importância, mas que, no caso dela, era essencial um trabalho de fortalecimento.
Martina tinha desculpas e mais desculpas. Percebi que por mais explicações que eu desse, estava perdendo meu tempo. Despedi-me e falei com ela pela última vez: se você planta banana, não adianta querer colher maçã. Se não faz o que seu corpo precisa, não adianta reclamar de dores.
O caso de Martina representa uma situação clássica de enxugar gelo: a pessoa desperdiça tempo, o bem mais precioso que temos, fazendo uma coisa que não dará em nada. É preciso entender quais são as necessidades do corpo para que as demandas sejam contempladas.
É preciso refletir: estou vendo resultados com as escolhas que estou fazendo? Caso a resposta seja negativa, é preciso trilhar um novo caminho. Não adianta querer esperar outro destino se o caminho é sempre o mesmo.