Não seja carbofóbico!

O carboidrato é a nossa fonte de energia, sobretudo para quem treina. Não devemos eliminá-lo para perder peso, mas sim escolher melhor.

André Messias | 30 de Setembro de 2021 às 11:00

a_namenko/iStock -

Roberto vai todos os dias para a academia bem cedo. Faça chuva, frio ou calor, às 6h da manhã ele está lá fazendo seu treino. Roberto é um aluno disciplinado, treina bem e apresenta bom condicionamento físico. Certo dia, veio até mim para dizer que, naquela semana, não estava conseguindo treinar bem e não estava rendendo. “Chego aqui e consigo fazer menos da metade do meu programa”, ele afirmou.

Fiz algumas perguntas para tentar descobrir o que estava acontecendo. “Minha esposa quer viajar e como a gente sempre engorda, resolvi cortar o carboidrato essa semana e tenho comido bastante proteína antes do treino”, revelou Roberto. Respirei fundo e o chamei para tomar um café.

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Teoricamente não seria difícil mostrar a Roberto qual o erro que ele estava cometendo. Bastava ele analisar a situação: seu rendimento estava deplorável e certamente isso estava associado à retirada do carboidrato de sua alimentação. Era questão de tempo o corpo dele começar a mudar (para pior) esteticamente, sobretudo perda de massa muscular (o que resulta em queda no metabolismo basal, gerando aumento do percentual de gordura).

Carboidrato: a fonte de energia do corpo

Roberto me disse que sempre ouvira dizer que, para emagrecer, o caminho era retirar o carboidrato da dieta. Foi necessário explicar a ele que o carboidrato, sobretudo para quem treina, é essencial e que não é preciso retirá-lo, mas sim fazer melhores escolhas.

O carboidrato é a nossa fonte de energia. Costumo dizer que ele é a gasolina do nosso corpo: com o tanque vazio, não conseguimos nem sair da garagem.

Questionei Roberto o porquê de ele não ter procurado um nutricionista (profissional que estuda para prescrever dieta, mas que, assim como muitas outras profissões, triste e lamentavelmente “perdem muitas batalhas” para os influenciadores que não são especialistas e tem tantos mil seguidores). Roberto alegou falta de tempo.

“Uma hora a conta chega e a sua chegou rápido; queda de rendimento no treino, mal estar e seu corpo estava mudando para pior”, falei para ele.

Roberto estava consumindo uma enorme quantidade de proteínas, inclusive antes do treino, o que estava lhe fazendo mal. Para piorar a situação, ele me confessou que também aumentou significativamente seu consumo de gordura e que se preocupava com sua concentração de colesterol, visto que em sua família, a maioria das pessoas tem problema de hipercolesterolemia.

Eu o tranquilizei dizendo que uma semana não seria suficiente para lhe causar esse dano e que seus bons níveis de atividade física lhe protegeriam.

Roberto entendeu as explicações e voltou com sua alimentação normal. Na semana seguinte, seu rendimento estava próximo de voltar à normalidade. Sempre bem humorado, ele me agradeceu e disse: André, sem querer eu acabei sendo carbofóbico e queria distância deles. Agora quero eles por perto.

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