Praticar atividade física é fundamental, mesmo para quem sofre com alguma comorbidade. Afinal, os benefícios compensam os riscos!
André Messias | 18 de Fevereiro de 2021 às 15:00
Tereza me ligou. O tom da sua voz indicava aflição, preocupação e medo. Peter, seu sobrinho, havia infartado no primeiro dia do ano. Após levá-lo ao cardiologista, ela queria saber se ele poderia realizar atividades físicas. Disse que, após o ocorrido, Peter havia largado o cigarro e estava disposto a fazer alguma atividade física. Tereza tinha muitas dúvidas sobre o que seu sobrinho poderia fazer. Conversamos por mais de meia hora e Tereza disse que no dia seguinte poderia me receber para iniciar o programa com o sobrinho.
Peter tem 65 anos, foi fumante por quase 50 anos, sedentário por toda a vida e sempre teve hábitos alimentares inadequados, além do alto consumo de bebidas alcóolicas por mais de quatro décadas. As enzimas de Peter estavam muito alteradas; ele era hipertenso até que chegou o dia em que o seu organismo chegou ao limite, causando o infarto.
Era o momento de deixar o passado para trás e construir um novo futuro por novas escolhas no presente. Peter e Tereza me receberam. Tomamos um suco e conversamos sobre o programa de atividade física que Peter iria iniciar.
Realizei uma avaliação em Peter para saber como o seu organismo estava, seus níveis de força e seu condicionamento. A situação era deplorável. No entanto, sempre é tempo de começar a praticar atividade física.
Peter parecia determinado a mudar e fazer escolhas mais saudáveis, porém era notório que estava com medo de fazer atividades físicas. Tinha medo de passar mal, sentir algum desconforto e, dessa vez, seu organismo não resistir.
A insegurança de Peter é muito comum, pois muitas pessoas com histórico de problemas cardiovasculares ficam com receio de praticar atividade física.
O primeiro passo é a pessoa ter segurança e confiança no profissional que irá atendê-la e saber que, durante a prática de atividade física, os benefícios compensam os riscos.
Ao praticar atividade física você irá perceber muitas mudanças no organismo, tais como aumento do volume sistólico e menor resistência periférica, fazendo com que o sangue flua melhor pelo organismo e o coração faça menos esforço.
É importante lembrar que todo e qualquer programa de atividade física deve ser individualizado, respeitando o estado do aluno/paciente e considerando as limitações de cada um. No caso de populações especiais (gestantes, idosos, cardiopatas e crianças) é preciso seguir as recomendações científicas existentes para cada grupo.
O programa de Peter começou com uma frequência de três dias alternados na semana, com duração de 20 minutos em cada sessão. Os exercícios tiveram como foco o ganho de força e o aumento do seu consumo de oxigênio, visando melhorar o seu condicionamento aeróbio.
Monitoramos a intensidade do treino através dos valores de sua frequência cardíaca e Peter sempre me passa sua percepção de esforço. Pretendemos, de acordo com as respostas de seu organismo, aumentar a duração gradualmente até alcançarmos 40 minutos por sessão. Peter foi orientado a ter hábitos alimentares saudáveis, beber bastante água, dormir bem, não voltar a fumar e evitar ao máximo o consumo de bebidas alcóolicas.
Tereza, após pouco mais de um mês que iniciamos o programa, me disse que Peter está melhor, sente menos cansaço e tem feito as atividades do cotidiano com mais entusiasmo, dinamismo e não relata desconforto. Em breve iremos realizar alguns testes para avaliar o progresso de Peter, todavia sua evolução é notória e certamente o seu coração está mais saudável e feliz.
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