Lamentavelmente o movimento em defesa da obesidade é algo presente no mundo. É urgente a necessidade de haver um movimento pela saúde.
André Messias | 21 de Outubro de 2021 às 12:00
Conheço Juliana desde o fim do ano passado. Aluna frequente da academia, ela está sempre bem humorada e treina com bastante dedicação. Nas últimas semanas percebi que ela estava desanimada e apresentando algumas faltas. Preocupado, perguntei se estava tudo bem. Juliana me confidenciou que está muito preocupada com sua irmã, que ganhou muito peso na pandemia e estava obesa. Ela revelou também que alguns exames de sua irmã (colesterol e glicemia) estavam alterados.
Perguntei a ela por que não convidava a irmã para a academia. Juliana disse: André, já tentei de tudo, inclusive já comprei roupas, tênis, me ofereci para pagar a academia etc. Disse que estava preocupada com a saúde dela, lembrei de nossa mãe (a mãe de Juliana era obesa e morreu devido a complicações do diabetes). Mas ela fica chateada, se sente ofendida, diz que ama ser obesa, que gosta de seu corpo assim e que sou preconceituosa. Estou perdida e preocupada André!
Pedi a Juliana o telefone de sua irmã e disse que iria tentar ajudá-la. Liguei para ela, me apresentei e combinamos de tomar um suco.
Comecei a conversa dizendo para Natália, irmã de Juliana, que todos nós devemos nos amar do jeito que somos e que ninguém deve ser vítima de preconceito. Eu precisava que ela entendesse que não se tratava de uma questão estética, mas sim de saúde. Sendo assim, a conversa caminhou para onde eu pretendia: os riscos da obesidade para a saúde.
Expliquei para Natália que obesidade mata (e não mata pouco!) e que sua saúde estava em risco. Ela é jovem, bonita e tem totais condições de melhorar sua saúde e qualidade de vida. À medida que fomos conversando, fui percebendo que meu desafio era enorme. Natália parecia ter um discurso em defesa da obesidade, gravava vídeos sobre autoaceitação e praticamente tinha um movimento que poderia ser resumido em: obesa sim, e daí?
Tive de ir de passo em passo, contextualizando para Natália inúmeras questões relacionadas à obesidade. Mostrei para ela diversos estudos que apontam a obesidade como um fator de risco e a quantidade de doenças que estão associadas a ela: câncer, diabetes, hipertensão, doenças cardiovasculares, problemas articulares, apneia do sono, doença renal crônica dentre outras.
A nossa conversa, baseada na ciência e não em uma opinião pessoal, tinha como objetivo mostrar para Natália que além do risco que corria de contrair as doenças citadas acima, sua qualidade de vida estava sendo afetada.
Aos poucos percebi que Natália estava chocada e que não tinha conhecimento do quanto a obesidade é prejudicial para a saúde. Expliquei para ela que não deve haver um padrão estético a ser alcançado, mas que o estilo de vida deve ter como meta aquilo que não podemos viver sem: saúde.
Assim como Natália, considero errado e injusto uma pessoa obesa, por exemplo, não conseguir uma vaga num emprego devido à sua aparência. Ao mesmo tempo, é necessário que a pessoa obesa procure melhorar seu estilo de vida.
A conversa foi positiva. Natália percebeu que sua vida poderia ser drasticamente reduzida e ligou para sua irmã dizendo que iria se matricular na academia e que iria procurar melhorar sua alimentação. Juliana, emocionada, me agradeceu e disse que jamais iria esquecer minha atitude.
Triste, preocupante e lamentavelmente o movimento em defesa da obesidade é algo presente no mundo. É urgente a necessidade de haver um movimento pela saúde. E obesidade não é sinônimo de saúde.
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