Fazer pequenas pausas ao longo do dia para movimentar o corpo pode fazer uma grande diferença no bem-estar geral.
Paola é minha amiga há muitos anos e fazia um bom tempo que eu não a via. Certo dia, encontrei, por acaso, Paola num evento e colocamos alguns assuntos em dia. Notei que ela estava inquieta. Perguntei se estava tudo bem e ela me respondeu dizendo que sentia muitas dores na coluna, cotovelo e cervical. Sabendo que sou professor de educação física, ela me perguntou se eu poderia lhe ajudar.
Paola me contou que atuava como pesquisadora e que passava em média 10 horas por dia em frente ao computador (senti até um frio na barriga quando ela me disse isso). Paola era jovem, mas tinha plena consciência de que se não fizesse nada, seu corpo daria cada vez mais sinais de que sua rotina precisava de alguns estímulos que não tivessem ligação alguma com o computador.
Conversando com Paola e vendo alguns exames que ela havia feito recentemente, notei que ela estava com LER (lesão por esforço repetitivo) e que precisaríamos construir um protocolo para que seus músculos fossem estimulados e com isso a sobrecarga tecidual (nos tendões, articulações e ligamentos) fosse minimizada. Paola estava com níveis de força deploráveis e eu não poderia deixar minha amiga naquela situação; não se solta a mão de quem está se afogando. Portanto, combinamos de eu ir à casa dela para montar seu protocolo.
Um pouco de movimento para uma vida sem dor
Reconheço que a tecnologia avançou muito e trouxe muitos benefícios para a sociedade, além do computador ser o instrumento de trabalho de milhões de pessoas. É muito comum as pessoas me dizerem que não tem escolha e que não podem fazer nada. Mas a questão é que SEMPRE temos escolha e SEMPRE podemos fazer alguma coisa por nossa saúde.
Seria utopia de minha parte pedir para Paola diminuir o tempo diante do computador, visto que ela passou horas me falando sobre as demandas de seu trabalho – e para piorar, ela estava cursando uma pós-graduação on-line. Sendo assim, lhe sugeri que colocasse o celular para despertar a cada 40 minutos durante o dia e que ela fizesse alguns movimentos por aproximadamente 30 segundos e que tentasse alternar sua postura o máximo de vezes, diariamente. Além disso, levei uma bolinha (dessas que vendem em pet shop) para que ela fizesse alguns movimentos. Meu objetivo era que Paola desse estímulos para seus músculos, para que esses não atrofiassem ainda mais. Paola me prometera que iria seguir as orientações.
Toda semana eu enviava mensagens para ela para saber se estava cumprindo a promessa; ela sempre respondia que sim. Dois meses depois voltei à sua casa para uma avaliação e ela estava bem melhor. Paola havia mudado a posição do computador e a bolinha estava ali, na sua mesa. Suas dores melhoraram e ela havia alterado o intervalo do alarme do celular de 40 para 20 minutos e os estímulos passaram de 30 para 50 segundos.
Felizmente minha amiga mudou a tempo. Passar horas diante de telas, além de ser uma ameaça à saúde, destrói literalmente o corpo de uma pessoa. Devem ser realizados todos os esforços possíveis para que o movimento esteja mais presente na vida de todas as pessoas.