Música escolhida pelos estabelecimentos não é à toa. O som pode afetar a percepção do paladar
A música que você ouve no restaurante não é uma coincidência. Num nível psicológico, a música impacta nossas emoções de diferentes maneiras, o que por sua vez altera a maneira como vivenciamos as coisas, como uma refeição. As informações são do UOL.
A psicóloga experimental Janice Wang, PhD pela Universidade de Oxford no Laboratório de Pesquisa Crossmodal, publicou uma série de artigos que documentam as diferentes maneiras que o som pode afetar a percepção do paladar.
Altas frequências tornam os sabores mais doces, baixas frequências deixam sabores mais amargos. Ritmos rápidos são "azedos" e ruídos altos entorpecem seu paladar, exceto pela percepção do umami.
Outro estudo feito pela engenheira de alimentos Renata Shimizu, da Unicamp, revelou que a interação entre o chocolate meio amargo e determinadas músicas desperta emoções distintas nas pessoas.
Ao ouvir algumas músicas enquanto comiam, os participantes apontaram o grau de equilíbrio entre os gostos doce e amargo no chocolate. Uma música "doce" — mais melódica — influenciou positivamente na percepção do gosto doce, como se o alimento fosse mais adocicado.
A Soundtrack Your Brand, empresa que transmite música em locais comerciais, realizou uma pesquisa sobre o impacto da música de fundo em 16 filiais de uma grande rede de fast food.
Uma das descobertas mais interessantes foi que tocar músicas aleatórias de listas de hits é uma má ideia. Com a familiaridade musical, as pessoas tendem a tornar-se ativamente conscientes da música que reconhecem, o que por sua vez as torna conscientes da passagem do tempo.
Então, se o restaurante quer que clientes percam a noção do tempo e consumam mais, é preciso evitar tocar "sucessos" e optar por músicas menos conhecidas.