Rodrigo Machado Nobre sofreu um AVC em 2021 que causou uma disfunção para se comunicar
O médico Rodrigo Machado Nobre, de 46 anos, sofreu um AVC isquêmico em 2021 e ficou com uma disfunção para se comunicar, a "afasia". Passados quase dois anos do episódio, a desenvoltura é melhor, mas ainda há deslizes.
"No início, eu não conseguia lembrar como era o som das palavras e a emissão delas. Eu pensava em como era falar, mas não sabia como formava as palavras, frases, textos, histórias. Era tudo muito confuso", contou ao Viva Bem, do UOL.
O médico intensivista, de um dia para o outro, trocou de papel para virar paciente. Ele foi encaminhado para o centro médico em que trabalha, onde o AVC isquêmico foi constatado. Transferido para a Santa Casa de Presidente Prudente, ele passou por uma trombólise com medicamento, procedimento que dissolveu o coágulo que obstruía a artéria.
Ele foi atendido a tempo, e as sequelas do acidente vascular cerebral foram reversíveis. Além da afasia, ele ficou sem sensibilidade na perna direita, o que demandou dois meses de fisioterapia para recuperação.
"Tive de aprender tudo novamente, cada letra, cada som, a forma como a língua se mexia, se a boca fechava", revelou o médico. Houve uma época em que Rodrigo só falava "não", inclusive quando perguntavam o nome dele.
Gradativamente, com acompanhamento com fonoaudiólogo, ele voltou a falar, conseguindo pensar e formar palavras e frases na ordem correta.
O neurologista Guilherme Menezes Mescolotte explicou ao Viva Bem que o cérebro tem duas áreas relacionadas à fala e à linguagem: a de Broca e a de Wernicke. Na maioria das pessoas, esta última está localizada no lado esquerdo do cérebro, que foi onde Nobre teve o AVC.
"Se lesa essa parte, ela fica deficitária. Depende do tamanho da lesão", disse o neurologista. "Tem gente que tem afasia e não consegue falar português", comenta. Se uma pessoa sabe outro idioma é possível que ela só fale nessa outra língua.