Saber dizer "não" é uma tarefa difícil, mas quando você encontra os amigos certos, eles tiram a culpa de não poder estar presente de você.
Marina Estevão | 14 de Março de 2020 às 10:00
Claro, todos nós queremos ter amigos que lembrem de nós.
Que nos chamem pra ir rapidinho ali tirar uma xerox.
Ou “preciso comprar uma lembrancinha, quer ir comigo?”
A insistência transforma algo que seria divertido em um martírio.
A lembrancinha que daria um passeio agradável vira “que saco, vou ter que botar uma roupa pra ir comprar um presente pro tio-avô da minha amiga”.
O tio-avô, coitado, vira inimigo.
Odiado.
Culpado.
Mas se o alvo for a mãe, também será.
Pelo que somos, claro, mas também pelas nossas vontades.
Eu não tenho vontade de sair de casa depois das 21 horas.
Juro.
Frequentemente sou chamada de velha pelos meus amigos, e hoje dou boas risadas disso.
Conheço velhas que saem depois das 21 horas e voltam pra casa de madrugada, quiçá de manhã.
Ter amigos que te chamem pra beber no meio da semana é maravilhoso.
Mas, se você disser “não” e eles entenderem e respeitarem, aí sim você terá encontrado amigos verdadeiros.
Amigo é bom nos momentos bons e essencial nos momentos ruins, mas você pode também não querer expor o que sente.
Seus traumas.
Dores.
Amores.
E tudo bem.
Amigo bom é o que te enxerga além da aparência.
Além da voz do telefone.
É o que sabe que você pode estar passando por um momento difícil, mas se não quiser falar sobre isso… Bora ali então pegar um cinema?
E eles vão encarar numa boa e no dia seguinte falar com você normalmente.
Eles sabem que o tempo é algo precioso.
O tempo de cada um.
E que, quando a vontade vier naturalmente, vai ser um dia extraordinário porque você estará de corpo, alma, tesão e alegria vivendo aquele momento.
Então, vamos lá comprar uma TV 55 polegadas pro tio-avozão?!
Vamos andar 10 km rindo pra achar uma lembrancinha de que ele goste?!
Afinal, o “não” de hoje é o “sim” da vida inteira.
O casamento equilibrado entre amigos que se respeitam.