Rose: enfermeira, carinhosa e… Irreverente!

Rose me atendeu no hospital quando tive crises renais na última semana. Seu jeito irreverente, simpático e carinhoso me conquistou!

Marina Estevão | 29 de Agosto de 2020 às 10:00

dragana991/iStock -

Semana passada eu tive duas crises brabas de dor renal.

Fui para o Copa D’or as duas vezes.

Só não morri porque não quero fazer parte da estatística de famosos que morrem com 27 anos.

Mas, segundo os exames, continuo muito especial.

Não tenho pedra no rim, tenho cristais.

Em especial um cristal de 0,5 cm alojado no meu ureter.

Parado, fazendo acampamento o lindo.

Dessa segunda vez que eu estava mais consciente, uma médica me atendeu.

Muito bonita ela.

Seu nome era Odara.

Imagina quantas vezes já não ouviu que seu corpo era Odara? Coitada.

Foto: ajr_images/iStock

Odara é loura de grandes e penetrantes olhos verdes.

Pelo sotaque, talvez seja de Santa Catarina.

Me examinou inteira, olhos, boca, pés, pressão, temperatura.

– Tu toma água? – pergunta Odara, desconfiada.

Não, doutora. Apenas o sangue dos inimigos.

Então, ela fez meu medicamento intravenoso e pediu para uma enfermeira aplicar.

Chega Rose.

Rose era a Edinanci das enfermeiras.

Um armário 4 portas da Casas Bahia.

Me cumprimentou, colocou aquele elástico no meu braço para fazer pressão e começou a dar tapinhas leves no meu antebraço.

– Abre e fecha a mão pra Rose – ela repetia, como um mantra estilo Tarzan.

Porque Rose se referia a ela mesma sempre na terceira pessoa.

Rose não conseguiu achar uma veia boa no meu braço e chamou uma outra mocinha que eu chamo de especialistas em veia.

Essa mocinha só achou veia na mão.

Foto: EIMiguelacho/iStock

– Essa ai tá bonita – disse Rose. Podia enxergar seu sorriso por debaixo da máscara.

Rose era muito eficiente, mas um pouco atrapalhada. Justamente porque ia em todas as baias atender os pacientes. Ela deve ser muito querida no bairro onde mora.

Do tipo aquelas vizinhas que levam bolo pra você.

Eu queria ser vizinha da Rose, pensei.

Lá pelas tantas, tive que fazer um exame de urina.

Rose me levou ao banheiro me empurrando em cima de uma espécie de poltroninha com rodinhas, que era difícil de empurrar.

Ela bufava me empurrando e fazia curvas não calculadas, o que me fazia bater nas beiradas.

Eu sorria desconcertada.

Paramos na porta de um banheiro e uma mocinha da limpeza disse que estava ocupado e pediu para esperarmos.

– Eu espero! Não estou com muita pressa – disse eu, a rainha dos bons modos.

Rose me puxou para trás e fui me distanciando do banheiro.

Então disse, baixinho:

– Esperar nada. Vou te levar em outro banheiro.

Pude sentir uma pequena desavença em suas palavras.

Então, ela me levou para onde ficam os leitos.

Tinha um homem deitado em um quarto com 5 médicos em volta.

Todos olharam quando Rose entrou com o meu Hot Wheels na ala.

Foto: Ljupco/iStock

Eu sorri como quem dizia “só vim fazer xixi turu bom?”

Perguntei a Rose se precisaria coletar o xixi daquele jeito que os médicos sempre pedem, a partir do segundo jato.

­– Precisa não, querida. Tudo mentira isso aí. É mito! Faz o que conseguir.

Fiz como ela mandou.

Meu exame foi pro laboratório e até hoje não sei se o resultado valeu. Provavelmente nunca saberei.

Quando tive alta da emergência nesse dia, agredeci muito a ela.

Disse que, se voltasse, queria que ela me atendesse.

– Obrigada pela preferência! – respondeu.

Os dias passaram e eu voltei pra emergência mesmo, dessa vez para fazer exames.

Inclusive outro de urina.

Encontrei quem?

Rose.

Me olhou de cima a baixo.
Não me reconheceu.

– Consegue andar? – perguntou Rose.

– Consigo sim – respondi cabisbaixa, querendo meu carrinho. E toda atenção de Rose.

Tentei explicar que uns dias antes tinha ido na emergência passando mal e ela me atendeu.

­– Ahh, minha filha… ­– Rose soltou um suspiro pesado – São muitas pessoas que passam por aqui.

E era verdade.

Por que eu era tão especial?

Ela que foi pra mim.

Carinhosa, sincera.

E um armário da Tok&Stok.

Obrigada, Rose!