Cristo Redentor, Pão-de-Açúcar, Zona Sul... O Rio todo é muito lindo! Mas você conhece as maravilhas que existem do outro lado do túnel Rebouças?
Existe Rio – e muito! – do outro lado do túnel Rebouças.
Aliás, que delícia é o subúrbio do Rio de Janeiro.
Quem nunca foi fala mal porque com certeza nunca teve a oportunidade de conhecer essa pedaço de misturas carioca.
Sim, eu nasci na Zona Sul, e até outro dia escrevi um texto sobre as maravilhas de Copacabana.
Que, brincando, Deus criou Copacabana e tal.
Mas há quatro anos venho tendo mais contato com o subúrbio e posso dizer com propriedade que o Rio é suburbano.
O suburbano é a cara do Rio.
O suburbano é o melhor tipo de pessoa – Salve meu amigo “Brian”, que pediu pra ser mencionado neste texto!
O nome dele não é Brian, é Rafael.
Mas suburbano faz apelido do apelido, sabe?
Explico: tem uma piada que gera um apelido, e esse apelido vai sendo enxugado até, um dia, virar uma piada interna.
Então, meu amigo Rafael hoje é o Brian.
Não é “Braian”. É suburbano mesmo, B-R-I-A-N.
Versão brasileira, Bento Ribeiro.
O suburbano queria que tivesse teletransporte. E, se existir, eles serão, por lei, os primeiros a utilizar.
Porque ninguém merece ter que sair duas, três, quatro horas antes do trabalho, pegar um transporte lotado pra chegar atrasado ainda, porque choveu e a Barra tá toda parada.
Tudo que o suburbano quer é chegar em casa sem sofrer um assalto, ou passar por um tiroteio. Cada dia é uma vitória.
Quem chega no Rio de Janeiro pra conhecer Ipanema e o Cristo Redentor, não vai conhecer de fato o jeito carioca de ser.
O Rio verdadeiro não é a zona sul.
A vitrine é bonita, sim, mas temos muito mais a mostrar.
Quem vem pra Zona Sul vai conhecer os playboys, chopinho no Jobi, barzinho no “baixo bota”, cheio de publicitário tatuado.
E gente que adora uma cerveja artesanal, mas duvido que não compraria um pack de cerveja barata na promoção.
E “pack”, “cerveja” e “promoção” na mesma frase é coisa de suburbano.
Típico do Guanabara.
O Rio é aniversário Guanabara!
O Rio é Parque Madureira, é baile charme, é Mercadão, é Batata de Marechal, é bate-bola.
Que eu não sabia o que era, e quando ouvi a primeira vez “bate-bola”, achei que era altinha.
Bora “bater uma bolinha”?
Todos os meus amigos suburbanos lembram dessa história e sou alvo de sarro até hoje.
Depois vi as fotos e tomei horror por essa típica atração do Carnaval.
Suburbano também adora uma gambiarra pra fazer churrasco no quintal.
Isso quando não dá a louca e faz no meio da Av. Brasil mesmo.
Junto com a TV de 45 polegadas pra ver o jogo do Flamengo.
O subúrbio tem as casas antigas mais lindas, em Bento Ribeiro, Marechal e Vila Valqueire.
É difícil escolher só uma que você se apaixone.
Subúrbio é biquíni de fita isolante, é pegar sol no asfalto mesmo.
Me sinto filha do subúrbio, com muito orgulho, apesar de realmente ser neta – minhas duas avós nasceram em Realengo.
Fui batizada suburbana a primeira vez que tomei banho de mangueira na laje, nua e ao ar livre.
O subúrbio me adotou porque todos os suburbanos, mesmo os que eu conhecia pouco, sempre me receberam de braços abertos.
O Rio é Suburbano, com S maiúsculo mesmo.
Em respeito a toda a sua história, seu charme, seu valor, seu povo.
Bota o hino do Flamengo, arma a piscina de plástico e vamos fazer um churrasco no quintal!