Já percebeu o que rola no salão de beleza? Mulheres fofocando, rindo em meio a chapinhas e grandes bobs no cabelo. Cada bairro é um mundo.
Marina Estevão | 19 de Junho de 2021 às 10:00
Salões de beleza são microcosmos do mundo.
Semana passada fui ao salão depois de um tempo sem fazer cabelo, e algumas voltas ao sol sem fazer a unha.
Vim a um país longínquo, separado do Rio de Janeiro.
Se chama Barra da Tijuca.
Quem é carioca entende o que falo.
O salão era em um desses shoppings com várias saídas, que você anda parecendo o Pac-Man.
Chamo de país porque as pessoas e a cultura são diferentes do resto.
Talvez eu tenha ido até mal vestida para esse evento.
Às vezes, com roupa de ginástica.
Os cabelos – já hidratadíssimos com baba de rinoceronte sueco – ganhavam tintas ainda mais louras para cobrir as raízes escuras.
E a cabeleireira que se virasse para aplicar, pois as cabeças não paravam de mexer e as bocas de fofocar.
Eram duas clientes e duas cabeleireiras.
A loura, que parecia a Barbie, tinha acabado de voltar de uma viagem da Arábia.
A morena, gorda e de cabelos perfeitamente ondulados até os ombros, perguntava se a outra não tinha arrumado um marido por lá.
— Amiga, os sheiks de lá são todos feios! É tudo mentira que são homens lindos! – berrava a loura.
A morena concordava, tomando um café, e contava, esfuziante, sobre o casamento do filho, na semana anterior.
A Barbie pedia copos e copos de mate.
E falava alto.
As duas clientes e duas cabeleireiras rolavam de rir das histórias.
E eu, parecendo o Edward Mãos de Tesoura ao lado, em meio a fiapos de cabelo, cheiro de descolorante e papel laminado na cara, uma hora ou outra, escutava algumas histórias também.
Minha cabeleireira comentava comigo sobre os assuntos delas.
Brigadeiros e drinks à vontade.
Música de boate.
O salão de beleza virou o Vitrinni.
Então, a dupla de loura e morena vinha a cada hora com um copo rosa choque com uma bebida diferente.
Brigadeiro “não, obrigada, estou de dieta!”
Por esse dia, paguei o equivalente a uma parcela de uma Mercedez Benz.
Quando vou no salão onde eu moro, tem três manicures. Apenas uma cabeleireira.
Elas escutam rádio.
Não tem brigadeiro. Muito menos drinks.
E as fofocas são sobre outras pessoas.
Só vale pela distância e pelo preço, o equivalente a uma parcela de uma bicicleta.
Cada país têm o salão de beleza que merece.