A vida é muito mais do que estudar para tirar uma nota 10 na escola. Acredite em mim, um dia você vai entender a importância de ser um aluno 7.
Calma.
Não é pra você, estudante, universitário, sair matando aula pra ir à praia.
É difícil falar isso aqui, em público, mas vou falar.
Não seja um aluno nota 10.
Meu avô sempre me deu esse conselho, desde pré-adolescente, lá pelos meus 13 anos, mas eu só fui entender isso quando comecei a ter cabelos brancos.
Lá pelos 14.
Brincadeira, 15.
Pessoas que estudam muito pra tirar nota 10 não tem tempo de curtir a vida.
E quem não curte a vida, fatalmente vira um chato alguma hora.
Claro, tem os nerds de DNA, que nem estudam e tiram 10 e ainda podem ir em todas as festinhas porque a mãe deixa, “fazer-o-que-meu-filho-é-um-prodígio”.
Mas até esses são meio malas, já reparou?
Vou ser sincera, eu nunca gostei de estudar.
Nem português.
Eu só gostava de desenhar.
Desenhava todos os professores, desenhava no caderno, desenhava no livro.
A aula preferida era de artes porque eu deixava a imaginação livre, como eu era.
Mas mesmo assim, eu era boa aluna.
Mediana, vai.
Tirava 5,5… 6, no máximo 7.
Passava raspando em matemática.
Nunca me achei menos burra por isso.
Biologia eu gostava.
Era coisa de azão, azinho, umas pirâmides estranhas.
Eu tirava 9, 10, e quando meu avô sabia, não gostava.
“9 já ta muito alto”, ele dizia.
E eu entendi que a vida é mais do que um 10.
Ou seria menos?
Eu vou passar de ano se eu tirar um 10 ou um 7. Do mesmo jeito.
Então, para quê DEZ?
Aprendi que se eu estudasse para tirar um 7, poderia ainda continuar desenhando na aula, e tudo bem.
E isso era mais importante porque isso era quem EU era.
E ninguém nunca me pressionou para ser uma aluna 10, que bom.
Eu jamais seria.
E, se fosse, hoje eu estaria trabalhando na Microsoft, provavelmente.
Ou seria concursada.
Ganhando rios de dinheiro? Talvez.
Mas não sei se seria feliz como sou hoje, imaginação livre, boca que fala o que quer, que ama intensamente, escreve cartas de amor, tem amigos verdadeiros, cheia de borogodó.
Uma louca desvairada.
Uma exímia e orgulhosa aluna nota 7.