– Como foi? – pergunto, empolgada.
Mas, antes que ela responda, chega minha vez.
– Espero você aqui – diz Sharon quando me afasto.
Outra freira das M.C. me dá informações enquanto me leva pela escada até o primeiro andar. Madre Teresa está caminhando na varanda.
– Por favor, seja breve. O médico pediu que ela não se cansasse – avisa a freira, preocupada.
Vejo-a quando chego ao fim da escada e começo a andar em sua direção.
Ela parece mais encolhida e curvada do que nas fotos. Anda devagar, com um rosário nas mãos.
Agora estou diante de Madre Teresa. Seus olhos cintilam e se franzem quando ela me sorri com bondade.
– Como vai a senhora? – pergunto. Ela se aproxima, me olha e sorri.
– Deixe-me abençoá-la, minha menina – diz, com voz fraca.
Quando a palma de sua mão pousa em minha cabeça, sinto um leve arrepio me percorrer o corpo. Fico um pouco espantada. Fito seu rosto gentil e uma onda quente me inunda quando ela me olha nos olhos. Vejo que as lágrimas rolam pelo meu rosto enquanto sinto a palma de sua mão em minha cabeça. Não sei direito como descrever, mas nunca me senti daquele jeito. Quero falar, mas a língua está presa. Não consigo entender essa experiência tão forte. Madre Teresa me abençoa em silêncio e, quando termina, estendo a mão para pegar a dela. É frágil e fria, e ela me permite segurá-la um instante.
– Obrigada – consigo dizer.
Percebo que meu tempo acabou, dou meia-volta e desço os degraus.
Sharon me espera no banco. Não falamos nada. Passaremos o resto do dia relembrando nossa experiência. Nós duas ficaremos amigas, e ela me inspira a ser voluntária no orfanato da mesma rua até começar minha carreira de jornalista. Trocaremos cartas nos próximos anos até a vida se intrometer. Até eu perder seu endereço quando me mudar para Nova Délhi.
Mas, agora, prolongamos esse momento. Nosso abraço é rápido mas espontâneo, as duas emocionadas com a experiência. Ficamos algum tempo sentadas no banco sem nada dizer. Somos desconhecidas com um mundo de distância entre nós, unidas por um momento. O momento em que Madre Teresa tocou nossas vidas e nos abençoou.
Por SANGHAMITRA CHAKRABORTY