O que fizeram, enfatizam, nada tem a ver com elas individualmente.
Ao contrário, as duas representam quase 60 organizações e milhares de cidadãos que se uniram para responsabilizar o governo.
Francesca de Gasparis, diretora executiva da SAFCEI, afirma: “Liz compreende os corredores do Parlamento e Makoma tem um sólido ativismo comunitário. Ninguém mais tinha o conjunto de competências para dizer: ‘Precisamos fazer isso.’”
Elas promoveram manifestações, vigílias e sessões educativas com a finalidade de explicar os riscos do acordo nuclear. Mas também sabiam que precisavam levar à justiça órgãos e pessoas fundamentais do governo para conseguir mudanças. Isso exigiria suas assinaturas nos depoimentos ao tribunal. Outras pessoas ficaram assustadas com as consequências. Makoma e Liz, não. Preencheram o nome no requerimento judicial, citando o Departamento de Energia, o Parlamento Nacional, o Regulador Nacional de Energia da África do Sul e o então presidente Jacob Zuma.
O processo durou mais de dois anos. Quando elas descobriram, em 25 de abril de 2017, que o juiz da Suprema Corte, Lee Bozalek, estava prestes a apresentar sua decisão, Makoma precisou viajar depressa até a Cidade do Cabo, a 1.400 quilômetros de distância. Ela fez a mala tão rápido que levou um vestido que não lhe cabia. Na manhã seguinte, teve de correr até uma loja antes que o tribunal abrisse. Um vendedor logo providenciou a roupa, dizendo-lhe que voltasse para pagar quando pudesse.
Quando o juiz começou a apresentar sua decisão, ficou claro que ele estava 100% a favor delas. “Comecei a gritar”, recorda Liz.
“Instantes depois estavam todos pulando e chorando”, conta Makoma.
Não só o tribunal considerou o acordo ilegal, mas também que os consideráveis custos judiciais e legais deveriam ser pagos pelo governo.
Em abril, as ações, a perseverança e as realizações das duas mulheres foram reconhecidas quando elas receberam o Prêmio Goldman 2018 de Meio Ambiente, considerado o Nobel verde. “Liz e Makoma personificam o que o prêmio representa: coragem, visão e trabalho sério em nome da justiça ambiental”, diz Susie Gelman, presidente da Fundação Goldman em São Francisco.
Após a vitória na justiça, Makoma Lekalekala voltou à loja de roupas para pagar seu vestido. O vendedor, como o restante da África do Sul, estava exultante com sua participação. “Não precisa pagar. Você fez um ótimo trabalho.”