Hoje, sou conhecido como LL Cool J. Morei com meus avós até sair de casa, aos 16 anos.Não me entenda mal: minha mãe também morava conosco. Ela era
Redação | 13 de Junho de 2019 às 17:00
Hoje, sou conhecido como LL Cool J. Morei com meus avós até sair de casa, aos 16 anos.Não me entenda mal: minha mãe também morava conosco. Ela era solteira e me teve muito nova, com apenas 20 anos. Trabalhava e ganhava bem, mas ainda assim precisava do apoio que os pais ofereciam, e durante muitos anos vivemos com eles no Queens, em Nova York. Então, os três – minha mãe, Ondrea Smith, e meus avós Eugene e Ellen Griffith – me criaram.
Meu avô parecia um enorme Buda e era alegre feito Papai Noel. Era uma família antilhana, e o povo das Antilhas é famoso por ser econômico. Trabalham em 300 lugares diferentes e não ganham um tostão. Ele havia sido membro do corpo médico do Exército na 2a Guerra Mundial e, quando eu morava com ele, trabalhava nos correios.
Saía todas as manhãs e só voltava à noite. Aí desandava a fazer pequenos serviços, como consertar o carro. Depois, em vez de relaxar, ia para a rua patrulhar o bairro e se certificar de que a família estava em segurança. Aos 72 anos, voltou a estudar, fazendo cursos na área de engenharia.
“Havia algo de mágico em ficar na escada espiando meu avô imerso em toneladas de discos…”
Ele adorava música. Quando jovem, tocou numa banda de jazz e acabou despertando em mim o gosto pelo gênero: Miles Davis, Jimmy Smith. Eu ouvia jazz, mas ninguém ouvia música mais alto do que meu avô.
Ele colocava o som tão alto que acabou precisando de um aparelho auditivo quando ficou mais velho. Havia algo de mágico em ficar na escada espiando meu avô imerso em toneladas de discos, com a música no volume máximo, a cabeça calva balançando bem rápido ao som do jazz.
Meu avô era pão-duro, mas amável. Já a minha avó era generosa, porém durona. Quero dizer, ela era o tipo de pessoa que não gostava de beijos e abraços, mas sempre demonstrava todo o amor do mundo. Fui uma criança abençoada, e Deus tomou conta de mim desde o início: minha avó trabalhava numa fábrica de brinquedos!
“Minha avó escutava as pessoas e tinha sempre uma palavra de sabedoria para ajudá-las a refletir seus problemas.”
Os donos deixavam os empregados levarem brinquedos com defeitos, e ela costumava chegar em casa todo dia com novos brinquedos para mim.
Também demonstrava seu amor preparando a melhor comida do mundo. Minha avó era do Sul e a família do meu avô, de Barbados. Ela sempre fazia couve, folhas de nabo e uma centenas de pratos antilhanos. Todo mundo do bairro queria sentar-se em sua cozinha e conversar com ela. Minha avó escutava as pessoas e tinha sempre uma palavra de sabedoria para ajudá-las a refletir seus problemas.
Quando eu tinha 11 anos, implorei a meus avós que me dessem uma motoneta. Minha avó achava que eu precisava de um passatempo para me manter longe de problemas, então meu avô concordou em comprá-la – até eu pegar emprestada a de um amigo e ser atropelado por um carro.
Não me machuquei muito, mas perdi o interesse. Minha avó, agora querendo me afastar das ruas, convenceu meu avô a comprar dois toca-discos e um mixer, equipamento de que eu precisava para começar a fazer rap. Envolvi-me com rap porque eu queria ser ouvido, queria lançar um disco e escutá-lo no rádio – simples assim.
“A compra daquele equipamento acabou mudando minha vida…”
Minha avó teve de usar todo seu poder de persuasão para convencer meu avô a gastar 2 mil dólares no equipamento. Pouco tempo depois de ceder, tenho certeza de que ele se perguntou o que tinha feito. Não conseguia entender por que eu ficava no portão destruindo discos, produzindo aqueles sons arranhados que são a alma do rap.
Mas a compra daquele equipamento acabou mudando minha vida. Não só me transformou em LL Cool J, como também mostrou como meus avós realmente apoiavam meus sonhos e acreditavam em mim.
Hoje, tenho quatro filhos e acredito neles. Sei que podem fazer o que quiserem, se tiverem determinação.
Meus avós foram casados por 50 anos e se tornaram duas partes de um todo. Eles me deram apoio em tudo que eu quis fazer, mas também me orientaram e me ensinaram a viver.
“Minha avó costumava citar um ditado: ‘Se começar uma tarefa, não pare até terminá-la. Seja o trabalho grande ou pequeno, faça direito ou não faça.'”
Aprendi muito sobre afinco e dedicação com meu avô. E não foi só pelo que ele me disse – foi pelo que ele me mostrou. O exemplo de minha avó criou em mim profundo respeito e admiração pelas mulheres. Portanto, mesmo que muitas de minhas músicas sejam maliciosas, nunca degradam as mulheres.
Minha avó costuma citar um ditado: “Se começar uma tarefa, não pare até terminá-la. Seja o trabalho grande ou pequeno, faça direito ou não faça.”
Esse foi o lema com que eu, LL Cool J, cresci. Não importa do que você goste, mergulhe de cabeça e se entregue totalmente à tarefa. Supere-se e transcenda, e assim com certeza terá êxito. Mesmo que no início você apenas arranhe discos no portão e seus sonhos pareçam estar a milhões de quilômetros de distância.