Contou-me uma amiga que, outro dia, seu filho chegou em casa exultante... Afinal, não é sempre que se tira dez em física. Ela percebeu, porém, que o
Contou-me uma amiga que, outro dia, seu filho chegou em casa exultante… Afinal, não é sempre que se tira dez em física. Ela percebeu, porém, que o professor havia se enganado na correção. Qual foi sua surpresa quando o menino lhe disse que não poderia, de forma alguma, apresentar o erro para revisão, porque “ninguém devolve nota”. Foi preciso muita paciência para convencê-lo.
Às vezes é um fato corriqueiro que nos faz perceber quantos difíceis dilemas as crianças têm de resolver até que se tornem adultos com integridade. Não faz muito tempo, ser um bom menino significava, como dizia o palhaço Carequinha, não fazer pipi na cama nem fazer má-criação, concluir o trabalho de casa com capricho, deixar o quarto mais ou menos arrumado, não falar palavrão, dirigir-se com respeito aos mais velhos; tarefas, enfim, razoavelmente simples de serem aprendidas. Isso porque valores como honestidade e integridade não estavam ainda em discussão.
Desafio para jovens e adultos
Ser um “bom-menino”, hoje, significa não apenas saber o que é certo ou errado, mas também conseguir se opor a atitudes (bem frequentes) que contrariam os princípios norteadores da sociedade – o que não é nada fácil nem para adultos, quanto mais para crianças e jovens.
Opor-se ao grupo e fazer escolhas adequadas demanda um forte grau de segurança. Mais ainda: significa que nossos filhos têm de estar certos, em primeiro lugar, de que solidariedade, justiça e honestidade não estão fora de moda. Precisam, acima de tudo, acreditar que, mesmo quando parte dos homens não respeita esses princípios, não há a mínima condição de vivermos com segurança sem eles.
O exemplo de integridade é tudo
Como convencê-los, no entanto, se a TV, as novelas, as atitudes de muitos adultos, os jornais, alguns programas humorísticos e até certas músicas os bombardeiam com mensagens antiéticas? Como convencê-los, se a parte dos colegas com os quais convivem quebra vidraças, desrespeita os mais velhos, destrói o mobiliário das escolas ou dirige sem carteira?
Criar adultos dignos depende de dois fatores: a maneira pela qual nós, pais, vivemos o dia a dia e a confiança que temos nos valores que norteiam as nossas ações. Ou seja, é necessário não só sermos íntegros, mas também não duvidarmos da força de nossos princípios.
Quando criança e jovens percebem nos seus mais fortes modelos (nós, seus pais) segurança inabalável na retidão, na cooperação, na honestidade – independentemente do que estejam fazendo os vizinhos, parentes e amigos –, eles provavelmente também acreditarão. Se, ao contrário, os próprios pais começam a afrouxar seus conceitos, no que eles vão acreditar?