Recentemente, no almoço, uma velha amiga e eu falávamos sobre vida e felicidade. Ela admitiu que se sentia solitária depois da morte do marido. “Mas não
Recentemente, no almoço, uma velha amiga e eu falávamos sobre vida e felicidade. Ela admitiu que se sentia solitária depois da morte do marido. “Mas não posso me queixar”, disse ela. “Tive um bom casamento. Os filhos estão criados. Meu emprego não é muito empolgante, mas é seguro, e me aposento daqui a quinze anos. Então, o que mais querer?”
O que mais? Uma mulher de 50 anos, capaz, experiente, atraente, supondo, na verdade, que sua vida acabou. Mas não é só ela. Tenho visto isso com frequência e em pessoas muito mais jovens: a convicção resignada de que mudar é impossível. O que muitos não percebem é que, em qualquer idade, é possível, sim, melhorar a qualidade de vida.
Porém, temos de dar o primeiro passo.
Aritmética criativa da felicidade
Quase nunca é tarde demais para fazer, em alguma escala, o que você sempre quis. O segredo é avançar, é mudar. O caminho que muitos conhecidos meus seguiram rumo à maior felicidade pode ser visto como um tipo de aritmética criativa. Com somas, subtrações, multiplicações e divisões. A probabilidade é que esses passos também funcionem com você.
Some
Some coisas à sua vida experimentando algo novo. Lembra-se do desafio do primeiro dia de aula? Aquele sacolejo anual nos obrigava a nos entrosar, a fazer contato, a descobrir. No inverno passado, decidi fazer um curso de encanamento. Como a maioria das moças da minha geração, fui programada para ser um desastre com ferramentas, mas logo descobri que me interessava muito por tornos e chaves de boca e pelo fato de que conseguia usá-los.
Quando penso nos meus amigos que parecem mais vivos e felizes, observo que são aqueles que expandem constantemente suas habilidades, interesses e conhecimentos. Ronnie nunca tinha plantado um cacto que fosse quando a vizinha lhe pediu que cuidasse de sua violeta-africana cor-de-rosa premiada. Certo dia, ela achou uma folha que tinha caído e a enfiou na água. Hoje, tem uma coleção inigualável.
Some coisas à vida transformando limitações em oportunidades. Se sua vida tiver alguma restrição, lute contra ela ou a use a seu favor.
Subtraia
Subtraia da vida as posses que são um fardo, as atividades de que não gosta mais. Quando garota, eu admirava a porcelana que minha mãe ganhou no casamento, que ficava num armário e de lá só saía para a limpeza. “Um dia, ela será sua”, dizia mamãe. Logo que me casei, quando eu sonhava em receber meus convidados com estilo, aquela linda louça continuava no armário. No ano passado, quando tudo passou a ser meu, percebi que, neste estágio da vida, não quero posses que exijam cuidados especiais. Assim, dei a louça à minha filha. Ela está contentíssima. Já eu, me aliviei de um incômodo.
Multiplique
Multiplique seus pontos de contato com os outros. Minha felicidade aumentou depois que comecei a tentar conhecer pessoas cujo estilo de vida seja diferente do meu. Por exemplo, por cultivar amizades com os filhos dos amigos, fui apresentada a músicas, poesias e ideias que nunca entenderia.
Uma conhecida “adota” avós. Geralmente, ela os encontra no trabalho voluntário, mas às vezes usa uma abordagem direta. “Conheci Harry no supermercado”, ela me contou. “Ele estava com dificuldade de ler os preços e me ofereci para ajudar. Terminei lhe dando uma carona para casa. Ele me convidou para um chá e, agora, fazemos compras juntos regularmente. Meus filhos adoram suas histórias. Harry acha que fazemos muito por ele, mas ele dá à nossa família algo que não tem preço: uma noção do passado.”
Multiplique suas conexões com a vida que o cerca. “Minha mulher é que era social”, me contou Philip. “Quando ela morreu, fiquei terrivelmente solitário. Então me ocorreu que todo dia encontro muita gente. Eu só não estava vendo essas pessoas.” Ele começou uma conversa sobre iscas artificiais com o gerente da loja de ferragens e descobriu um interesse em comum. Desde então, os dois fizeram várias expedições para pescar trutas.
Quer você more numa cidade grande, quer more numa aldeia, é possível fazer amigos no decorrer de atividades rotineiras só por participar ativamente da comunidade. Mas é preciso fazer aquele esforço especial, seja ajudando no centro cultural, seja distribuindo folhetos em campanhas.
Divida
Divida suas responsabilidades em unidades administráveis e delegue algumas unidades aos outros. Em parte, viver bem é uma questão de fazer escolhas e concessões sábias. Além disso, se quiser mais tempo, mais liberdade ou simplesmente mais ajuda, aceite o fato de que algumas coisas não serão feitas como você gostaria. Minha amiga Connie, que voltou a trabalhar na meia-idade, combinou com o marido dividir as tarefas domésticas alternadamente: cada um assume a responsabilidade total pelas compras, preparo das refeições e lavagem das roupas mês sim, mês não. Quando lhe perguntei como andavam as coisas, Connie riu. “A comida dele vai de insossa a horrível. Mas, francamente, não me importo. Esse mês de liberdade é tão maravilhoso!”
por Fredelle Maynard