Seu entendimento sobre o que é estar velho pode estar ultrapassado. Veja como o envelhecimento pode ser um processo tranquilo e prazeroso.
Thaís Garcez | 8 de Outubro de 2019 às 16:17
Talvez você não perceba, mas o destino lhe deu um presente extraordinário. Você nasceu em uma época em que se vive mais do que em qualquer outro momento da história da humanidade. Em comparação com a maioria que já viveu neste planeta, podemos desfrutar, em média, 30 anos de vida a mais do que nossos antepassados e aproveitar o envelhecimento.
Hoje quem tem 60 anos ou mais está em boa companhia. Estima-se que em 2025 haverá 1,25 bilhão de pessoas acima dos 60 anos. Enquanto que em 2050 o número pode atingir a marca de 2 bilhões; quase um quarto da projeção da população mundial. Até um século atrás, as pessoas morriam, em média, aos 40 anos. Antes do século XX, o ciclo de vida era muito mais curto para a maioria de nós. Começava-se a trabalhar aos 10 anos; aos 15, já se tinha filhos; aos 30, já se era avô e, aos 40, o corpo já estava quebrado, dolorido e em decadência.
Atualmente, a maioria que chega aos 40 anos acredita que ainda falta pelo menos metade da vida para aproveitar. Alguns, inclusive, estão na fase de ter filhos; outros, deslanchando a “verdadeira” carreira. Em termos biológicos e psicológicos, acredita-se que a velhice comece aos 80. Assim teríamos um período de 30 anos, entre as idades de 50 e 80, para inventar um novo jeito de viver.
Expressões populares como “antienvelhecimento” e “vida longa” são enganosas, pois deixam implícito que a meta de se viver de forma saudável é ter mais anos de vida. Embora o cuidado com a saúde e o estilo de vida modernos já tenham nos dado a oportunidade de vivermos muito mais do que nossos antepassados, a meta hoje não é apenas acrescentar anos, mas sim ter uma saúde duradoura. Alguns cientistas acreditam que o corpo humano, quando bem conservado, pode durar até cerca de 120 anos!
“Saúde duradoura” significa ter vitalidade e energia em qualquer idade. Quer dizer que não aceitamos mais os problemas do envelhecimento como parte do nosso destino; como diabetes, doenças cardiovasculares, artrite, demência, incontinência urinária etc. Ter uma saúde duradoura é levar uma vida ativa, saudável e feliz.
Estudos diversos encontraram várias ligações entre a percepção do envelhecimento e a saúde e o bem-estar gerais. Por exemplo, uma pesquisa revelou que aqueles que tinham uma visão positiva do envelhecimento eram mais propensos a viver fisicamente ativos; um elemento importantíssimo para envelhecer bem. Já os que tinham uma visão negativa eram menos propensos a se manter ativos e tendiam a envelhecer “sem sucesso”.
A nossa percepção sobre o envelhecimento também afeta como vivemos. Se achamos que o envelhecimento significa fraqueza, e a saúde e a memória se deterioram por causa dessa crença, isso apenas a reforça, resultando em problemas maiores.
Aqueles que envelhecem bem tendem a aumentar o limite da expectativa de vida; que agora está em torno de 83 anos para as mulheres e de 78,9 para os homens, segundo o IBGE. O primeiro passo para alcançar uma saúde duradoura é rever o que se pensa sobre o envelhecimento. O termo “velho”, por exemplo, precisa de uma nova definição. Mais do que nunca, as pessoas na faixa dos 60 anos, 70 ou mais têm uma vida completa e ocupada. Portanto, não há motivo para você não ter também.
Estudos têm mostrado que aqueles que praticam exercícios regularmente, controlam o peso, não tomam bebida alcoólica em excesso e evitam o cigarro vivem mais do que quem não tem esses cuidados. Essas pessoas também têm menos limitações e as desenvolvem mais tarde, então, vivem menos anos não saudáveis.
Não importa a idade, o exercício físico pode torná-lo mais forte. Além disso, ajuda a manter e melhorar a função cardiovascular e reduzir os fatores de risco associados a doenças como o diabetes.
Não tem por que se preocupar se esqueceu onde deixou a carteira ou a chave do carro; é provável que a sua mente esteja melhor do que você pensa. Por quê? Descobriu-se que a função mental não diminui significativamente com a idade, apenas com a doença.
Em um estudo com pessoas com 60 anos ou mais, 80% das que tinham parceiros faziam sexo pelo menos uma vez por mês. Isso é importante porque uma vida sexual ativa pode ter efeitos positivos na saúde mental e física. Pode, inclusive, melhorar a nossa aparência. Um estudo escocês descobriu que pessoas mais velhas que faziam sexo regularmente pareciam dez anos mais jovens do que aquelas que não faziam.
Ao se imaginar envelhecendo, lembre- se de que você pode permanecer ativo e produtivo. Atividades de todos os tipos – físicas, mentais, sociais e espirituais – podem retardar ou até reverter o processo de envelhecimento, assim como gestos simples como comer o que faz bem e fazer exames médicos necessários.