Se persistimos nos métodos convencionais, embrenhamo-nos cada vez mais em um beco sem saída, muito distante de nossa potência de criatividade.
A bicicleta parece ser um dos artefatos mais curiosos na história da técnica. Mas utilizar esta engenhoca, em seus primeiros tempos, parecia requerer um grande esforço, pois tinha de ser impulsionada diretamente no eixo.
Primeiro, era essencial que o veículo andasse mais depressa. Para que isso acontecesse, a roda dianteira foi bastante aumentada.
De fato, aquele estranho artefato de arame passou a andar um pouco mais rapidamente. Mas as enormes rodas tornavam a bicicleta tão insegura que esta melhoria não parecia ser a mais eficaz.
Diretamente para o beco sem saída
As situações que os mecânicos de bicicletas conheceram há mais de um século são semelhantes a muitas com que nos deparamos no dia a dia: nossos velhos padrões de pensamento nem sempre estão à altura dos problemas e desafios que enfrentamos. Se persistimos nos métodos convencionais, embrenhamo-nos cada vez mais em um beco sem saída. E, assim, não somos capazes de resolver os problemas. Somos, portanto, obrigados a encontrar soluções novas e criativas. Mas como?
Geralmente, a resposta está à nossa frente, só que não a conseguimos ver. Seja qual for o caso — um fusível do carro que se queimou, o computador que não “inicia” ou um cliente difícil que nos pressiona —, o importante é descobrir maneiras de, com os meios disponíveis, resolver os problemas do modo mais simples e rápido.
Como você soluciona um problema intrincado? Pense, por exemplo, se pode utilizar alguns objetos para um fim diferente daquele para o qual foram criados.
Assim, talvez você consiga substituir o fusível queimado por um clipe de cobre. Quanto ao computador, retire o fio da tomada, volte a colocá-lo e tente reiniciar a máquina. No que diz respeito àquele cliente difícil, você pode tentar acalmá-lo oferecendo-lhe uma bebida.
De onde surge a criatividade para ideias luminosas?
Quando, depois da troca do fusível, o limpador de pára-brisas volta a funcionar; quando o computador trabalha normalmente outra vez e o cliente complicado baixa as armas, então pensamos que a ideia brilhante que nos salvou “caiu do céu”. Estas experiências fantásticas surgem geralmente quando não estamos à espera delas. Apenas cerca de 4% das ideias que fazem progredir uma empresa surgem no local de trabalho. As ideias luminosas chegam-nos no chuveiro, ao longo do café da manhã, no trânsito, no metrô ou até durante um concerto (era ouvindo música que o detetive de ficção Sherlock Holmes resolvia seus casos mais complicados).
Diz-se que o físico Isaac Newton formulou a lei da gravidade depois de ter observado uma maçã caindo da árvore. O físico Albert Einstein dizia que tinha suas ideias mais brilhantes enquanto se barbeava. O matemático francês Jules Henri Poincaré (1854-1912) descobriu a solução de um dos seus problemas matemáticos quando subiu em um ônibus.
“Estava tomando uma condução para Coutances”, contava ele. “No momento em que subi no veículo, tive uma ideia, sem que antes estivesse sequer pensando no assunto.”
Todos nós já tivemos um destes flashes de criatividade. Com eles, nossos pensamentos ficam subitamente organizados. O astrônomo alemão Johannes Kepler (1571-1630) descreveu sua sensação quando descobriu as leis dos movimentos dos planetas como uma “claridade fantástica”.
E mesmo que após uma destas ideias luminosas não estejamos certos dos pormenores, a sensação que permanece é a de termos solucionado o problema.