Conheça três relatos incríveis de pessoas que estiveram muito perto da morte, mas tiveram a sorte – ou presença de espírito? – para se salvar.
Redação | 9 de Março de 2019 às 13:00
Você já passou por uma situação muito perigosa? Quando se escapa da morte, parece que a vida muda de perspectiva. Conheça agora três relatos incríveis de quem viveu para contar como é…
O britânico Michael Holmes, 29 anos, é instrutor de queda livre e mora na Nova Zelândia. Seu paraquedas falhou num salto em 13 de dezembro de 2006.
“Eu devia filmar um grupo de praticantes de queda livre em Taupo, no norte da Nova Zelândia. Pulamos do avião a 4.500 metros de altitude e caímos até 1.200 metros, mas, quando acionei o paraquedas principal, ele não abriu direito.
Tentei desembaraçá-lo, mas, caindo a uns 95 km/h e girando violentamente (graças a uma força centrífuga equivalente a cinco vezes à da gravidade), o sangue se acumulava nas mãos e eu não conseguia muita coisa com elas. Assim, decidi liberar o paraquedas principal e abrir o reserva. Infelizmente, o principal não se soltou, e eu sabia que, se abrisse o reserva, os dois logo se enrolariam.
Em desespero, continuei tentando soltar o paraquedas principal, mas, a 300 metros, tive de tomar uma decisão. Eram apenas oito segundos até bater no chão. Então corri o risco, abri o reserva e… os paraquedas se enrolaram.”
“Até esse momento eu só pensava: Vamos dar um jeito nisso. Mas nesse instante eu disse: ‘Merda! Estou morto!’ – a câmera do capacete registrou exatamente essas palavras. Decidi que tinha de deixar aos outros uma última mensagem, e, com a terra vindo ao meu encontro, disse apenas: ‘Adeus!’
Não me lembro de bater no chão, fiquei alguns segundos sem sentidos. Depois, escutei meu colega John me perguntar se estava tudo bem. Eu acordava e desmaiava, mas pensava: Alguma coisa deu errado. A culpa foi minha? Não conseguia registrar o que acabara de acontecer – eu sobrevivera. Não parava de falar em verificar o paraquedas. E John ria de mim!
Só no dia seguinte, no hospital, é que comecei a pensar em palavras como ‘milagre’. Eu caíra de quase 5 mil metros e só tinha um tornozelo e três costelas fraturados, uma perfuração no pulmão, alguns hematomas e muitos arranhões por ter caído em cima de um pé de amora-preta.
Alguns dizem que foi o arbusto que me salvou; outros, que, como achei que ia morrer, relaxei o corpo. Não sou religioso, mas acho que quem está no comando simplesmente decidiu que não era a minha hora.”
O cabo Simon Brown, 33 anos, de West Yorkshire, na Inglaterra, servia no Iraque com o Real Corpo de Engenharia Elétrica e Mecânica. Em 6 de dezembro de 2006, levou um tiro no rosto.
“Meu serviço era acompanhar as patrulhas e consertar os caminhões blindados quando enguiçavam. Na linha de frente, não dá para esperar reboque! Certo dia, por volta das 11h30, nos envolvemos numa escaramuça com insurgentes perto do Palácio de Basra. Um dos nossos veículos enguiçou e tivemos de tentar tirá-lo dali sob fogo pesado.
Ajeitei tudo para rebocar e subi de volta no veículo blindado, mas o motorista não conseguia ver a estrada direito porque havia muito pó. Enfiei a cabeça para fora da escotilha para verificar se estava tudo bem… e senti aquele golpe enorme na lateral do rosto.
Acho que todo soldado pensa que sabe como é levar um tiro, mas não foi nada parecido com o que eu imaginava. Não ouvi nenhum barulho, só senti um pedaço de metal, mais veloz do que o som, me atingindo no rosto. O diâmetro podia ser de apenas 7,62 mm, mas a impressão foi que tinham me batido com uma barra de ferro!”
“A cabeça foi jogadapara o lado, mas consegui voltar pela escotilha. Na verdade, não senti dor nenhuma. A adrenalina jorrava e me mantive totalmente consciente. Não conseguia enxergar, mas supus que era porque fechara os olhos. Dava para saber que algo estava errado na minha boca [o palato de Simon caíra] e enfiei o polegar lá para me ajudar a respirar.
Como não havia muita dor, imaginei que receberia alguns pontos na base e tudo ficaria bem. Mas a bala cauterizara os nervos. Entrara debaixo do meu olho esquerdo, que perdi, passara a um centímetro do cérebro e saíra perto do olho direito, que agora tem apenas 15% da visão.
Ainda assim, sempre que conto a história todos se surpreendem com minha objetividade. Sim, levei um tiro no rosto, mas todo soldado aprende a manter a calma. Fui eu mesmo que pus a atadura na minha cabeça! E, se eu não tivesse condições de assegurar que conseguiria me manter respirando, provavelmente não estaria mais aqui. Isso é uma lição e tanto, quando a gente pensa bem: fique calmo e faça o que é preciso fazer, senão você morre!”
Aconteceu com Meryl Davies, 59 anos, do País de Gales – duas vezes!
“Em 1988, meu filho nasceu por cesariana no hospital Brecon War Memorial. Deram-me anestesia geral, mas acordei no meio da operação. Eu não conseguia me mexer, não conseguia dizer nada, mas dava para sentir os médicos cortando o meu corpo!
A dor era… bem, era mais do que dor e fiquei com pavor de cirurgias. Mas, quatro anos depois, tive de ir ao mesmo hospital para operar uma hérnia de hiato. Era o mesmo anestesista e… num minuto eu estava dormindo, no seguinte sentia que tinham me jogado num caldeirão de óleo fervente. Por algum tempo, não consegui entender o que acontecia, e aí percebi: Ah, meu Deus! De novo, não!
Dava para ouvir as vozes na sala de cirurgia, mas eu não conseguia gritar, nem me mexer, nem sequer abrir os olhos. Eu estava simplesmente ali, sendo cortada, sem poder fazer nada.
Eles abriram a cicatriz da cesariana para chegar à hérnia. Em alguns casos de consciência sob anestesia, as pessoas conseguem sentir exatamente de onde vem a dor, mas durante as duas cirurgias, a dor era violenta demais apara que eu sentisse que tiravam o intestino do caminho ou algo assim. Era apenas um calor que parecia explodir cada nervo do meu corpo. Nessa segunda vez, cheguei a pensar que morrera e estava destinada a sentir por toda a eternidade a dor que me matara. Fiquei zangada. Por que não me disseram que a morte era assim?”
“Em algum momento, devo ter desmaiado, porque acordei a caminho da enfermaria. As pessoas pareciam reais e percebi que devia estar viva, mas só quando minha irmã chegou me senti a salvo para contar o que acontecera.
A experiência medeixou com transtorno de estresse pós-traumático e fui indenizada. Tinham me dado óxido nitroso, um anestésico dentário, técnica que já fora deixada de lado. Muita gente acordava durante as cirurgias, mas aquele anestesista ainda a usava!
A consciência sob anestesia não é coisa de cinema (ocorre em 0,1% a 0,2% das cirurgias), e precisamos de melhor monitoramento durante as cirurgias. Não desejo que ninguém passe pelo que passei.”