Nosso cérebro não mente: as pessoas alegres vivem em média dez anos a mais que as outras. Isso porque tem menos libração de cortisol, hormônio do estressse.
Redação | 19 de Maio de 2019 às 20:00
Nosso cérebro realiza algo libertador, contagiante e tranquilizador que é rir. Rir é um fator de conciliação que desarma as tensões, nos torna felizes, contagia e nos faz sentir confiança. Mas por que o riso nos alegra e exalta tanto?
Em 1998, durante uma intervenção cirúrgica, um neurobiólogo californiano se surpreendeu ao ver sua paciente começar a rir sem razão no momento em que lhe implantavam eletrodos numa área cerebral chamada área motora suplementar. É ela que regula os movimentos do riso, que são a concentração dos músculos da boca, da laringe e da caixa torácica.
Mas a origem profunda do riso encontra-se localizada no tronco cerebral, no interior de uma estrutura que tem um papel de centro de coordenação. ao impulsionar os impulsos nervosos que vão conduzir à expulsão rítmica do ar e à ação das cordas vocais.
Um terceiro componente leva em conta a dimensão cognitiva do riso, quer se trate de uma situação absurda ou uma brincadeira. É o lobo frontal do hemisfério direito que julga o caráter risível de um ato ou de uma história e que dá centro de coordenação o sinal para uma eventual desencadeamento da hilaridade.
O lobo frontal direito direito é a sede do humor e possui um modo de funcionamento particular. Ele antecipa o desenrolar provável de uma ação − um homem caminha numa calçada, por exemplo, e, a princípio , vai continuar sua trajetória. Mas ele escorrega numa casca de banana. Essa mudança de roteiro provoca uma inversão súbita da atividade elétrica que desperta o centro desencadeador do riso. O mecanismo do senso de humor reside, assim, num ato inesperado. Ou na inversão do sentido de uma palavra, como no caso dos trocadilhos.
Um estudo realizado em 2007, nos Estados Unidos, mostrou que, quando rimos, o cérebro libera o principal neurotransmissor do prazer; a dopamina, implicada em todas as percepções hedonistas. Essa ação parece, além disso, ter efeitos concretos na saúde. Um psicólogo da Universidade de Kentucky estudou 179 textos sobre a vida de religiosas que moravam num convento. Constatou que as mais alegres viviam em média dez anos a mais que as outras.
Essa constatação pode ser explicada pela inibição que a alegria opera sobre a liberação do cortisol; um hormônio do estresse que termina por provocar hipertensão e problemas cardíacos.
O riso também ajudaria a pensar. Uma experiência realizada por uma equipe de psicólogos da Universidade de Washington revelou que, após ter visto filmes cômicos, as pessoas submetidas a testes tinham uma visão mais global dos problemas. Davam também provas de maior criatividade e obtinham melhores resultados em exercícios de memória.
Assim, foi constatado que seu córtex pré-frontal, uma região do cérebro envolvida na atenção e na memória de trabalho, apresenta uma forte atividade.