Na hora de escrever cartas de amor, lembre-se: elas não são cartões. São cartas. Por isso, confira algumas dicas para fazê-las bem feitas.
Julia Monsores | 27 de Novembro de 2019 às 11:00
Há muito tempo, quando morava no meu apartamento favorito atrás de uma plantação de bambu em Tuscaloosa, escrevi a primeira das minhas cartas de amor.. Era uma tarde bem quente e eu estava sentado na varanda, gozando meu tédio, sentindo-me completo com a mera ideia dela. Desenhei um coração bonitinho num pedaço de papel-jornal, pus a folha na máquina de escrever e datilografei umas 15 frases. Levei mais de uma hora. Era preciso. Não poderia voltar atrás nem usar corretor. Deu certo.
Aquela mulher ficou feliz.
Tão feliz que prendeu a carta na porta da geladeira, onde se agarrou a uma colagem cheia de ímãs de cartões de feliz aniversário, de “boas páscoas”, de “penso em você”. Isso me irritou. “É uma carta de amor”, eu lhe disse. “É só para você. Devia estar guardada, dobrada dentro de um livro por aí”. Ela não entendeu. E assim, tratou-a como um cartão.
Na hora de escrever cartas de amor, lembre-se: elas não são cartões. É uma carta. Por isso, confira algumas dicas para fazê-las bem feitas.
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Em primeiro lugar, sente-se. As cartas exigem tempo. Elas têm ritmo. Têm de ser escritas, e escrever leva tempo. Três linhas não fazem o serviço de três parágrafos. Isso não é dizer que a carta tenha de ser longa. Três parágrafos podem fazer o serviço de três páginas. Basta lhes dar algum tempo.
Se o seu amor surgiu num passeio de caiaque, não basta mencionar essa experiência: faça-a. Que o rio se torne sua paleta. Conte uma história que só vocês dois conheçam. Ou narre um momento em que ela não percebeu que você a observava. Use detalhes para mostrar que você se lembra e do que você se lembra.
Uma boa carta de amor se declara abertamente e depois ilustra os detalhes. "Vi você observar os homens que jogavam xadrez no parque. Tão silenciosa. Adoro o jeito como você olha as coisas." Mostre-lhe por que a ama antes de lhe dizer por que a ama. Mostre e depois conte. Não se repita. As declarações emocionais têm mais importância quando não são tão corriqueiras. Mesmo numa carta breve, é preciso criar espaço. No caso do amor, há valor na escassez. É por isso que parece um baita prêmio de loteria.
Diga algo que o surpreenda sobre você mesmo. Deixe-a saber que está redefinindo seus termos. A carta de amor é como o próprio amor. Tem de haver risco.
Por Tom Chiarella (revista Esquire)