As boas ações fazem bem para a alma e podem ser o segredo da nossa sobrevivência. Além disso, nos sentimos bem quando fazemos o bem.
Douglas Ferreira | 2 de Dezembro de 2019 às 10:00
Durante o mês de dezembro muitas pessoas se sentem mais solidárias e disponibilizam um pouco do seu tempo para ajudar o próximo. De acordo com a última pesquisa realizada pelo IBGE, em 2018 o número de brasileiros realizando trabalho voluntário era de 7,2 milhões. Diante desse número fica fácil imaginar a quantidade de pessoas que tiveram sua vida transformada depois de praticar ou receber uma boa ação. Um belo exemplo disso é a história das amigas Vaneide e Iramaia.
Tudo começou quando Vaneide começou a conversar com Iramaia sobre algo que tinham em comum: filhos pequenos. Mas as semelhanças, à época, paravam por aí. Iramaia era moradora de rua no bairro de Botafogo, zona sul da cidade do Rio de Janeiro, e Vaneide secretária em uma empresa. Assim que conheceu Iramaia, Vaneide passou a ajudá-la com doações sempre que a encontrava. O tempo passou e, quando o conselho tutelar tirou os filhos de Iramaia por falta de domicílio fixo, Vaneide foi em seu auxílio, tornando-se fiadora de um imóvel e ajudando-a a recuperar a guarda das crianças. Na ocasião, Vaneide passava por seus próprios problemas mas, mesmo assim, resolveu ajudar a mulher.
Os pesquisadores acreditam que seja uma recompensa evolucionária. As boas ações nos ligam aos outros na comunidade: quem já segurou a porta do elevador para alguém e, em troca, ganhou um belo sorriso ou um agradecimento percebeu essa ligação, com a sensação de que o mundo é um pouco menos hostil. “Acho que temos a ânsia natural de nos ligar aos outros. Faz parte do nosso modo de ser, porque aumenta a probabilidade de sobrevivência individual”, diz a psicóloga social Gagné. Em resumo, nos sentimos bem quando fazemos o bem. Os atos de gentileza produzem uma atitude positiva e aumentam a autoestima. “Isso nos motiva a fazer o mesmo outra vez.”
Até os pequenos atos fazem diferença e não exigem muito tempo e esforço. Quando fazemos uma boa ação, provocamos, potencialmente, uma longa série de gentilezas e isso nos torna mais saudáveis.
Não suponha que os favores à família, aos amigos e aos colegas de trabalho valem menos porque não são pessoas estranhas. Sobretudo, fortalecer as ligações beneficia a todos.
Agradeça ao motorista que o deixa entrar num cruzamento e ao balconista que lhe serve o café. “Agradecer aos outros é uma boa ação”, diz a psicóloga Marylène Gagné, de Montreal. “Nós é que recebemos a ajuda, mas basta dizer obrigado para retribuir.”
“Estamos sempre correndo para algum lugar e não vemos o que acontece em volta”, observa Gagné. Por exemplo, a bolsa de um pedestre pode cair e se abrir ou pode haver lixo na rua. “Quando começamos a prestar atenção”, diz a psicóloga, “há muitas oportunidades para fazer coisas boas.”
Ou seja, escolha uma atividade que lhe interesse. Dessa forma, não precisa se desculpar se isso o leva a defender as exigências nutricionais dos gansos em vez de levantar fundos para a cura da leucemia. “Quando há interesse, é muito maior a probabilidade de a ajuda continuar”, diz Pamela Cushing, antropóloga cultural da Universidade do Oeste de Ontário. Entretanto, egoísta ou não, você está ajudando.
“Pensar que o altruísmo é um impulso puro cria um padrão-ouro que pode virar desculpa para não fazer nada”, diz Cushing. De fato, quem considera os outros santos por causa das boas ações que praticam pode se convencer de que tal generosidade está além da sua competência – e aí a ajuda não acontece.
Antes de tudo, para obter ideias, visite sites na Internet, como o da Representação da Unesco no Brsail, e veja as opções que eles dispõem. É provável que algumas chamem sua atenção sem você nunca ter pensado que seria capaz de fazer.