Anne Roumanoff escreve sobre os novos vovôs e vovós, que andam mais descolados do que nunca! Chame sua avó e confira esse texto!
Minha avó russa se chamava Lydia. Com 79 anos, pediu à cabeleireira que lhe fizesse um corte no mesmo estilo da princesa Diana. Aos 80, um homem lhe ofereceu o braço para ajudá-la a atravessar a rua. Seus olhos se encheram de lágrimas – seu orgulho feminino havia sido ferido.
Quando eu tinha 10 anos, superentediada nas férias na Normandia, Lydia me escrevia longos cartões-postais com esferográfica azul todo santo dia.
Naquela época não havia celular nem internet. Hoje, mandamos e-mails ou torpedos às avós, mas ainda me lembro do pulinho que meu coração dava quando o carteiro buzinava na van amarela diante do portão.
Outro dia, uma de minhas amigas estava preocupadíssima:
– Estou uma pilha. Minha mãe acabou de largar o namorado, e eu me dava tão bem com ele…
– Está preocupada porque ela vai ficar sozinha? – perguntei.
– Não, ela acabou de ir para a Argentina com o novo amor da sua vida – disse ela. – Dessa vez, não vou dar moleza. Vou pedir que me apresente o sujeito se ela tiver certeza de que é sério.
É, temos de enfrentar os fatos!
As vovós de cabelo branco, com cheiro de talco e bolo assando no forno não existem mais, só nos anúncios de geleia na TV. As vovós de hoje fazem reflexo no cabelo, aquecem pacotes de purê de batata instantâneo no micro-ondas e usam o perfume da moda.
Ainda assim, há uma coisa que nunca vai mudar: a ternura no olhar delas quando fitam os netos.
Por ANNE ROUMANOFF