Paternidade: por que os homens se tornam pais?

Por que motivo os rapazes viram pais? Será porque amam crianças? Talvez não seja bem assim. A paternidade pode ter motivos enraizados na infância...

Douglas Ferreira | 7 de Agosto de 2020 às 15:00

altanaka/iStock -

Há pouco tempo eu estava visitando uns amigos e a dona da casa pediu ao marido que fosse montar o trenzinho no quarto das crianças. Ela queria que os dois filhos, Florian, 2 anos, e Katherine, 3, nos deixassem à vontade. Os homens e as crianças desapareceram escada acima. Dez minutos depois, porém, os pequenos estavam de volta, pulando em torno de nós, as mães. Só os pais é que não retornaram.

Nossa filha ainda não tinha 4 anos quando meu marido chegou em casa com um kit de peças de metal para montar. Com os olhos faiscando, ele abriu o pacote e mostrou a Annika como unir as peças. Depois de uns 15 minutos, ela surgiu na cozinha, choramingando. Mas o pai continuava no tapete da sala de visitas, onde ficaria durante horas tentando armar o guindaste que o fascinara quando tinha 10 anos.

A paternidade será uma prova de amor?

Parece que algumas mulheres ainda pensam que o desejo do marido de ter filhos é uma prova de amor. Eu mesma pensava assim quando, depois de 10 anos, meu querido conseguiu imaginar-se pai e assim se tornou para mim mais do que o parceiro de um período da minha vida. Um fato é certo, porém: os homens viram pais para poder voltar a brincar, principalmente com aqueles brinquedos que lhes foram negados quando eram pequenos. A vida é dura para os homens… Ou será que você consegue outra explicação para os quartos de criança cheios de trenzinhos elétricos? Nossa filha Annika, com 7 anos, ainda não conseguiu se entender com o kit de peças de metal, para decepção do pai. Apesar disso, ele ainda não desistiu de tentar despertar o interesse dela. Bem, pelo menos é o que ele diz…

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Não que as mulheres também não se metam em atividades fora do comum quando se tornam mães. Eu mesma não sou exceção. Quando minha filha fez sua primeira tentativa de esquiar, desenterrei um par de esquis que estava guardado há anos. Da mesma forma, a natação é disciplina em que estive longe de ser campeã a vida inteira e na qual descobri novos prazeres depois que Annika disparou na minha frente, ao mergulharmos no lago.

Ah, os homens…

Mas com homens é diferente: eu me diverti muito com um de nossos amigos decidindo se aventurar no gelo, aos trancos e barrancos, depois que o filho começou a jogar hóquei. E como estava feliz! Perguntei à mulher dele se não ficava preocupada com o perigo de o marido quebrar algum osso. E ela respondeu: “Sabe o que é? A mãe dele o proibia de patinar com medo de que se machucasse ou quebrasse uma perna.”

Por isso o marido ficara em êxtase quando o filho surgira com a ideia de jogar hóquei sobre o gelo. Ela acrescentou: “Meu marido disse imediatamente: ‘Claro, claro, jogue sim, meu filho. Eu vou jogar também!’”

Isso confirma minha teoria de que os homens em algum momento desejam realizar antigos sonhos de criança. A geração de 50 anos tem muito que tentar alcançar. Em vez de ficar impondo disciplina, eles dão aos filhos, e em consequência a si mesmos, a chance de realizar todos os desejos. E acabam se deixando levar pela empolgação.

Quando se fala em computador, acontece o mesmo. Não, é claro que o “chefe de família” não vai se sentar diante do computador para se entregar a joguinhos. Mas, graças a Deus, existem uns softwares para crianças que são o máximo. E adivinhem quem os traz para casa e passa horas brincando com eles? Ah, é claro que o papai só está fazendo isso por motivos pedagógicos.

Por Christine Schulz