Divirta-se com mais uma crônica de humor escrita pela divertidíssima humorista francesa Anne Roumanoff. Dessa vez o foco são os vendedores de móveis.
Na imensa loja de sofás, nos sentimos perdidos. Há opções demais. O vendedor é um encanto. “Sofá-cama ou sofá comum? Uso cotidiano ou só ocasional?” É fabuloso ele se interessar por nossas necessidades, sem julgar nossas escolhas.
Passeamos, olhando os sofás, nosso melhor amigo nos seguindo de perto. “Experimentem este, vocês vão gostar.” Ficamos concentrados no conforto das nádegas. “É o modelo Diva. Qualidade francesa, projeto italiano e estilo escandinavo. Firme, macio e com capas soltas.” É mais caro do que caberia no orçamento, e hesitamos. “Este modelo nunca entra em liquidação”, diz o vendedor, indignado. Ele batuca na calculadora, liga para um contato misterioso e então nos oferece um desconto excepcional de 40%. Ficamos empolgados.
O vendedor rapidamente puxa o formulário do pedido e nos faz assinar. Ainda é amistoso, mas não tão carinhoso e apegado quanto antes. A emoção da caça passou. “Há uma taxa de entrega de 195 euros. Eu não falei? Vocês moram no quinto andar? Então são 215 euros.”
Seu celular toca, e ele fica visivelmente nervoso. O chefe acabou de dizer que não pode baixar tanto o preço sem ter prejuízo. O desconto será de 20%. “Data de entrega? Deste modelo, só temos roxo. Cinza? A espera é de três meses.” Ficamos desapontados. O vendedor batuca na telinha. “Vocês estão com sorte. Resta um cinza em estoque na Itália. Vocês podem receber em… oito semanas.” Queremos agradecer, mas ele já nos deixou e, todo sorrisos, está nos calcanhares de outro casal que acabou de entrar na loja. “Sofá-cama ou sofá comum?”
ANNE ROUMANOFF