Quando adormecemos, perdemos contato com o mundo exterior e entramos no reino dos sonhos. Até as pessoas que consideram seus sonhos importantes em geral
Quando adormecemos, perdemos contato com o mundo exterior e entramos no reino dos sonhos. Até as pessoas que consideram seus sonhos importantes em geral lhes atribuem um significado meramente simbólico. Mas os membros das tribos azandes do Sudão, do Zaire e da República Centro-africana, acreditam que os acontecimentos que ocorrem são absolutamente reais.
Os azandes consideram que os sonhos agradáveis são profecias de sucessos e felicidade, enquanto os desagradáveis são maus presságios e envolvem um encontro com a feitiçaria. Crêem ainda que todos os infortúnios, especialmente a doença e a morte, são causados pelos espíritos de feiticeiros que procuram almas inocentes. Quando um membro da tribo dorme, a alma separa-se do corpo e vagueia livremente, mas os feiticeiros também deixam as suas almas perambular durante o sono, e os dois espíritos lutam quando se encontram.
É isso que os azandes interpretam como um acontecimento real. Assim, quem tem um mau sonho deve consultar um adivinho, que o ajudará a identificar o feiticeiro responsável pelos pensamentos maléficos, para convencê-lo a anular o feitiço.
Os membros das tribos elgoni, da fronteira do Quênia com Uganda, também dão muita atenção aos sonhos. Carl Jung, o psicólogo suíço do século XX que estudou a interpretação dos sonhos, passou alguns meses com os elgonis, e entusiasmou-se ao descobrir que a maneira com que lidavam com os sonhos confirmava sua teoria de que eles são de duas naturezas – pessoal ou coletiva.
Jung observou que os elgonis distinguiam “grandes” e “pequenos” sonhos. Se um elgoni tinha um “pequeno”, que afetava apenas a ele, não o levavam em consideração, mas se era “grande”, isto é, se parecia ter amplas implicações para a comunidade (como uma premonição de seca), os membros da tribo reuniam-se para discutir sobre as medidas a tomar.