A economia verde tem sido apontada por estudiosos como uma forma do Brasil sair da crise. Entenda o que é a economia verde e qual a sua relevância.
Thaynara Firmiano | 24 de Agosto de 2020 às 20:00
Economia Verde é um conceito que surgiu em 2008, no Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma). Substituindo o conceito de Ecodesenvolvimento, esta forma de economia visa o uso sustentável dos recursos naturais, uma menor emissão de carbono e responsabilidade social.
As formas para implantar uma economia verde incluem aumento das ofertas de emprego, reciclagem, uso de energia limpa, consumo consciente, reutilização de bens e valorização da biodiversidade. Os resultados esperados com essa forma de atuação são a diminuição da desigualdade social, a preservação do meio ambiente e a conservação da biodiversidade.
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Todo o processo produtivo de economia verde deve gerar algum tipo de desenvolvimento junto ao econômico, seja ele social ou ambiental. A participação estatal pode vir através de ações diretamente ligadas às empresas poluidoras ou medidas que promovam e acelerem o processo de despoluição.
O Pnuma defende a economia verde como “uma economia que resulta em melhoria do bem-estar da humanidade e igualdade social, ao mesmo tempo em que reduz os riscos ambientais e a escassez ecológica”. A produção desenfreada sem pensar no desenvolvimento sustentável é justamente o oposto dessa estratégia econômica.
O uso descontrolado dos recursos naturais como se fossem infinitos é um problema global. No entanto, alguns países já vêm conseguindo resultados positivos ao investir em formas de economia sustentável.
A China é o país que mais investiu em energia renovável na última década. De acordo com o Relatório da Situação Global das Renováveis de 2019, o país investiu US$ 758 bilhões entre 2010 e 2019. Já a Coreia do Sul, criou uma estratégia nacional e um plano quinquenal para o período 2009-2013 onde destinou 2% do seu PIB para investimento em vários setores verdes.
Na Cidade do México, a alta emissão de carbono por conta do tráfego levou o Governo a criar um sofisticado sistema de ônibus, que também foi adotado pelo Brasil posteriormente: o BRT (Bus Rapid Transit). O investimento nesse novo modal, que utiliza vias exclusivas da cidade proporcionando uma maior mobilidade urbana, acabou diminuindo relativamente a quantidade de veículos nas ruas e a emissão de carbono.
Um estudo produzido pelo WRI Brasil em parceria com economistas e diversas instituições públicas e privadas – como Coppe UFRJ, PUC-Rio, IPEA e New Climate Economy – propôs estratégias para o desenvolvimento da economia brasileira de forma sustentável.
Com revisão de ex-ministros da Fazenda e ex-executivos do Banco Mundial, o estudo Uma nova economia para uma Nova Era focou em destacar políticas capazes de reduzir a pobreza e a desigualdade e estimular o crescimento econômico sustentável, tornando o Brasil mais resiliente a futuras pandemias e outros riscos, como as mudanças climáticas e a destruição de ecossistemas.
A pesquisa apresenta estratégias de economia verde no Brasil que podem ser implementadas na indústria, infraestrutura e agricultura.
Para a indústria, o estudo sugere inovar com tecnologia sustentável, com baixa utilização de combustíveis fósseis. Para infraestrutura, a proposta é realizar projetos que não danifiquem o meio ambiente, investindo no uso de energias renováveis como a energia solar e eólica. Já na agricultura, a sugestão é que se utilize o solo de forma mais eficiente, retirando a pressão exercida em cima da Amazônia.
Segundo a pesquisa, com as propostas seria possível uma redução de até 42% da emissão de gases poluentes, em 2025, se comparado à 2005.