Qual será o segredo das empresas de sucesso? 5 empreendedores contam como realizaram seu sonho.
Redação | 7 de Janeiro de 2019 às 14:00
Algumas empresas não sobrevivem às primeiras crises enquanto outras se mantêm firmes por muitas décadas. Existe uma fórmula mágica para isso? Cinco empreendedores relatam como realizaram seu sonho.
Eu trabalhava em São Francisco como gerente de contas de uma agência de publicidade, mas decidi que aquele não era o emprego dos sonhos. Na Califórnia, Ana e eu tínhamos nos apaixonado por cervejas artesanais e chegamos a fazer cerveja em casa.
Voltamos para a Espanha em 2010, quando ninguém fazia cerveja artesanal em Madri e havia uma crise financeira. Pedi um empréstimo bancário de 250 mil euros para abrir a cervejaria, mas o gerente disse: “Você está louco, esqueça!” Então fui a um banco menor, do qual eu e meu pai éramos clientes, e nos emprestaram dinheiro com nossas casas como garantia.
Dessa forma, conseguimos abrir uma cervejaria pequena de mil litros e um bar em 2011. Ficava num beco, diante de uma loja de tintas, numa área industrial a uma hora da cidade – nada promissor!
Vendíamos a amigos e vizinhos. Mas logo correu a notícia de que a cerveja era boa, e começou a vir gente de Madri. Trabalhávamos até tarde, fazendo cerveja pela manhã e abrindo o bar à noite.
Em 2015, percebemos que precisávamos de mais espaço e nos mudamos para um local 200 metros rua abaixo, capaz de produzir um milhão de litros por ano. Todos os nossos funcionários, parentes e amigos vieram à inauguração. Foi um prazer servir clientes que estavam conosco desde o início.
Montamos a empresa do zero e dessa forma pudemos escolher nossos valores: produzir cerveja de qualidade, incentivar o amor à cerveja sem a bebedeira excessiva e respeitar o meio ambiente e a comunidade local. Por exemplo, reunimos em um silo os grãos consumidos no processo de fabricação e os damos para agricultores locais lançarem nos campos.
Produzimos cerca de 14 tipos de cerveja por ano, que vendemos a bares e restaurantes de Madri, e em breve vamos lançar nossa cerveja no Reino Unido e na França. Embora nossa Madrid Lager tenha ganhado o prêmio de melhor lager da Espanha e a cerveja de trigo, a medalha de ouro, a empresa não mudou. Os ingredientes e o processo são os mesmos. Não há aditivos. Só cerveja boa.
Queremos reduzir a emissão de CO2 no setor de imóveis. Nossos arquitetos ajudam os clientes a concretizar rapidamente a casa de seus sonhos com um sistema de construção baseado em novas tecnologias. A construção de uma casa leva um mês com os carpinteiros da fábrica, um ou dois dias de montagem no local e duas semanas para pintar e fazer acabamentos. Nossas casas emitem 90% menos CO2 do que as tradicionais e custam menos.
Tenho mestrado em ciências sociais, mas queria causar impacto no campo da sustentabilidade. Depois de me formar, minha primeira empresa foi de instalação de painéis solares, com meu amigo Wolf. Quando estávamos pendurados num telhado com equipamento de alpinismo, percebi que até as casas novas eram construídas da forma tradicional. Pôr painéis solares numa casa ineficiente não vai torná-la mais sustentável.
Assim, fechamos o site de painéis solares e dedicamos toda a nossa energia à Sustainer Homes. Em março de 2015, entramos num programa acelerador de empresas, que nos deu espaço de escritório, treinamento e uma injeção de 15 mil euros em troca de participação nos negócios. Naquele ano, também ganhamos o Prêmio Mundial do ASN Bank para empresas iniciantes de energia sustentável, no valor de 10 mil euros.
Sou o presidente executivo, mas abri a empresa com mais três amigos empreendedores. Temos a mesma convicção, pois não há muitas oportunidades para causar tanto impacto.
Em dois anos, havia 20 pessoas trabalhando na Sustainer e em 2016 construímos nossa primeira casa. A primeira vez que ela subiu num caminhão foi assustador uma vez que, se as caras janelas se quebrassem, seria o fim da empresa. Mas não quebraram, e ver a estrutura de 1,5 tonelada que nós quatro concebemos flutuando pelo ar e pousando com sucesso nos alicerces foi uma sensação majestosa!
Ano passado, tínhamos quase 50 casas em construção, inclusive dois condomínios: um com 11 e outro com 16 casas. E estamos planejando a expansão para outros países, a partir da Alemanha. Tem sido uma experiência intensa, mas não a trocaria por nada.
Vítor e eu moramos sete anos na Inglaterra, onde já éramos empreendedores e vendíamos pela Internet. Em 2008, quando voltamos para Lisboa com nosso filho de 2 anos, a crise econômica estava no início. O que poderíamos fazer que fosse bom para nós, ajudasse o país e fosse exclusivo? Portugal é famoso pelas florestas de sobreiros, e associamos a cortiça a infância, felicidade, amor e natureza. Além disso, gosto de trabalhos manuais. Foi assim que tivemos a ideia de criar peças artesanais de cortiça em vez de couro.
Começamos a trabalhar em nossa garagem de 20 metros quadrados sem janelas, com o berço de nosso filho ao lado. Trabalhávamos a noite toda quando necessário, fazendo bijuterias e capas para celular. Investimos as economias da venda de nossa casa no Reino Unido e não tivemos nenhum salário durante dois anos. Passamos a vender nossas mercadorias no Etsy em 2012, assim como em nosso site.
O Etsy ajudou bastante já que nos manteve próximos dos clientes, e aprendemos muito. Mas não é mais nosso principal mercado. Vendemos pela Internet e por distribuidores que nos procuram. Tivemos um faturamento de 5 mil euros no primeiro ano; em 2017, foram mais de 600 mil euros.
Agora somos 12 em uma fábrica de 320 metros quadrados como uma família. Leva um ano para aprender a fazer uma bolsa ou carteira, e prefiro manter a equipe e dizer não a pedidos grandes a dizer sim e não cumprir o prazo ou contratar pessoal temporário. Mas é frustrante no Natal, quando temos de remover itens do site porque não conseguimos produzir quantidade suficiente.
Usamos cortiça da melhor qualidade e fazemos tudo nós mesmos. Foi muito importante ganhar, em 2015, um prêmio da PETA, entidade que defende os direitos dos animais, pela melhor bolsa masculina e receber a certificação de produto vegano na Alemanha e no Reino Unido.
Nossos planos são mudar para um espaço ainda maior, continuar a ouvir os clientes, crescer com eles e produzir produtos de moda com alta qualidade.
Veja também: Como montar seu próprio negócio e ter sucesso
Vim para o Reino Unido com meu marido Raghid e os três filhos em julho de 2012. Em Damasco, onde morávamos, havia cada vez menos produtos essenciais, como fraldas, eletricidade e água. Depois de uma explosão no escritório de Raghid, tomamos a difícil decisão de partir da Síria pela segurança da família.
Fomos para Yorkshire porque tínhamos parentes lá, mas depois de receber o visto de residência, passei um ano sem conseguir emprego, e comecei a pensar em ser autônoma.
Não havia um bom queijo haloumi no mercado, mas achávamos o leite maravilhoso. Então, pensei: Por que não fazer nosso próprio queijo?
Conseguimos um empréstimo de 2.500 libras para abrir a empresa e o apoio da Agência de Empresas do governo. Ao mesmo tempo, a loja de frango frito de meu cunhado estava fechando. Nós nos mudamos para lá e compramos equipamento de cozinha que modificamos para fazer o haloumi – por exemplo, uma máquina de sorvete para aquecer o leite.
Em junho de 2014, quatro dias depois de abrir a Yorkshire Dama Cheese – só meu marido, meu irmão e eu –, arriscamos nossas últimas 700 libras num estande na exposição Harrogate Fine Food para apresentar o queijo ao setor alimentício britânico. Percebemos que era preciso comprovar a qualidade e, dali a quatro meses, entramos no Prêmio Mundial do Queijo; ganhamos a medalha de bronze.
Agora já ganhamos 18 prêmios em quatro anos e temos seis funcionários. Passamos para instalações maiores em janeiro de 2017, inauguradas pela princesa real.
Hoje, nosso queijo é chamado oficialmente de Yorkshire Squeaky Cheese, e produzimos cinco variedades. A produção cresce mês a mês para atender à demanda. Temos uma grande base consumidora em todo o Reino Unido, com delicatéssen locais, lojas agrícolas, restaurantes e atacadistas.
Esperamos vender no exterior e tenho trabalhado num livro com receitas que conta a história de minha empresa. Não estudei administração, mas percebo que isso faz parte de minha personalidade e é algo de que gosto muito.
Tudo começou porque temos alergia a detergentes na família. Em 2013, eu trabalhava com minha mulher, Katarina, em sua empresa de pinturas, onde limpávamos fachadas com um sistema de água deionizada que tirava fuligem, gordura e mofo. Tive um momento eureca no jantar: “Se fizermos um sistema melhor para usar em máquinas de lavar, conseguiremos lavar a roupa sem detergente nem amaciante.”
Eu era mestre de obras, mas sempre me interessei por química e tecnologia. Desmontei o sistema de lavar fachadas e construí o meu.
O sistema de filtro DIRO tira os sais e as impurezas da água da bica. Essa água ultrapura e deionizada é levemente desequilibrada; para se reequilibrar, ela se agarra à sujeira. Quando o filtro foi testado de acordo com os padrões Ecolabel da União Europeia, a testadora ficou boquiaberta. “Esta é a primeira vez em 25 anos que vejo um sistema sem produtos químicos que funciona de verdade”, disse.
Recebi a patente em 2016, e instalamos o DIRO em lavanderias de condomínios, hotéis, casas de repouso e até num corpo de bombeiros. O sistema mede 120 cm × 80 cm e fica entre a entrada de água e a máquina de lavar, mas também temos um protótipo doméstico de 50 cm × 50 cm.
O DIRO já é produzido sob licença no Reino Unido. Quando a escala aumentar, o produto chegará a outros países e fará diferença. Ele poupa o meio ambiente, saúde, energia e dinheiro.
Apesar disso, houve um período difícil no começo. Recrutamos três sócios que não queriam que entrássemos no mercado. Não podíamos nem enviar e-mails antes que eles os lessem. Acabamos discordando, e eles saíram. E a primeira instalação numa lavanderia de Gotemburgo provocou um grande vazamento.
Mas os bons momentos compensaram. Por exemplo, em 2017, estivemos entre as seis empresas do mundo que receberam o Prêmio de Solucionador do Clima do WWF.
Nós cinco, da família, trabalhávamos em casa, em Everöd, no campo, mas, graças a um novo investidor, nos mudamos para a cidade de Malmö, onde contrataremos mais funcionários.
Dessa forma, miramos alto: queremos salvar o planeta!