Abdul Agam organizou uma expedição voluntária para tentar resgatar a jovem que caiu da trilha no Monte Rinjani.
A jovem natural de Niterói, no estado do Rio de Janeiro, Juliana Marins caiu em uma trilha no Monte Rinjani, na Indonésia, e foi encontrada sem vida na última terça-feira (24). O acidente aconteceu no dia 20 de junho e a brasileira passou 4 dias aguardando resgate.
De acordo com o Globo, a jovem teria sofrido mais duas quedas após o acidente inicial e não teria resistido às condições extremas e à demora para receber ajuda. Alguns fatores dificultaram o resgate, que chegou a ser interrompido devido à geografia do local e às condições climáticas.
O caso levantou questionamentos sobre a estrutura do parque e sobre a competência das autoridades locais, visto que o maior esforço para salvar Juliana veio de um voluntário. Abdul Agam é um alpinista e organizou uma expedição própria para tentar resgatar a jovem.
Agam falou sobre a expedição ao Fantástico
Segundo a reportagem do Fantástico, Abdul fez uma viagem de um dia e meio e precisou passar a noite no penhasco junto de outros 3 socorristas.
"Quando vi o vídeo na internet, senti a necessidade de ir para lá ajudar. Eu me machuquei, um amigo meu foi internado no hospital. Muitas vezes caíam pedras perto da nossa cabeça. Me senti muito decepcionado porque eu esperava que Juliana ainda estivesse viva", contou na entrevista.
Agam já resgatou 21 turistas vivos e nove mortos no Rinjani nos últimos 10 anos, e pediu desculpas por não ter conseguido ajudar Juliana.
"Eu não sei o que dizer, mas obrigado aos meus amigos e brasileiros que acreditam em mim. Eu só quero pedir desculpa para a família por não conseguir salvar Juliana."
A reportagem apontou também negligência no parque
O Fantástico ouviu também a família de Juliana Marins, que demonstraram indignação quanto à condução do caso.
“Juliana falou para o guia que estava cansada e o guia falou: ‘senta aqui, fica sentada’. E o guia nos disse que ele se afastou por 5 a 10 minutos para fumar. Para fumar! Quando voltou, não avistou mais Juliana. Isso foi por volta de 4h. Ele só a avistou novamente às 6h08, quando gravou o vídeo e o enviou ao chefe dele”, relatou Manoel Marins, pai de Juliana.
Além da questão do tempo, a falta de equipamentos adequados para realizar o resgate foi outra questão impactante na tragédia.
"Os culpados, no meu entendimento, são o guia, que deixou Juliana sozinha para fumar, 40 ou 50 minutos, tirou os olhos dela. A empresa que vende os passeios, porque esses passeios são vendidos em banquinha como sendo trilhas fáceis de fazer. Mas o primeiro culpado, que eu considero o culpado maior, é o coordenador do parque. Ele demorou a acionar a Defesa Civil", disse o pai.
O Fantástico tentou contato com a polícia, os diretores do parque, com a prefeitura da ilha de Lombok, com o Ministério do Turismo, com o Ministério das Florestas, responsável pelo parque, com o Ministério do Exterior e até com a Presidência da Indonésia, mas não obteve sucesso.