Surpreendente: o passeio de barco que virou um pesadelo

Joris passeava com seu barco, quando uma pane locou sua vida em risco. Confira essa aventura surpreendente de um homem lutando pela sua vida!

Redação | 29 de Maio de 2019 às 14:00

Tramper2/Istock -

Com seis metros, o barco de madeira azul e sem nome passa sob a ponte Ketelbrug e pela cidade de Urk. Joris, dono de uma empresa de informática, segue a linha longa e reta da costa do município de Noordoostpolder, um lugar surpreendente.

Antes das 19 horas, quando escurece, pretende chegar a Lemmer para atravessar as comportas. Na velocidade atual de cerca de 7 km/h, deve conseguir.

Mas o vento aumenta, e o barco começa a adernar demais. Está “carenando”, como dizem os marinheiros. O contrapeso da quilha provoca uma tensão tremenda no casco do barco. Sem que Joris perceba, o casco aos poucos se abre numa fenda de cerca de 1,5 m.

Quando o litoral de Noordoostpolder se curva de forma gradual para o nordeste, Joris tem de navegar contra o vento. Ele ajusta a vela e liga o motor, achando que isso lhe permitirá continuar a viagem calmamente.

O dia, que prometia ser bom, se tornou um pesadelo surpreendente

Mas, quando entra na cabine para pegar uma lata de refrigerante, nota algo surpreendente: há meio metro de água lá! As almofadas dos bancos estão boiando. Ansioso, ele procura um balde.

Não levara o rádio porque, pela manhã, o tempo parecia ótimo. O dia prometia ser muito bom. Ele acha um balde e começa a tirar a água. Mas isso não basta. Aos poucos, a água sobe e inunda o barco. Será que consegue chegar à costa? As comportas de Lemmer estão no máximo a 10 km. Se conseguir chegar ao quebra-mar, poderá sair do barco.

Ele acelera para ganhar velocidade. Mas um barco inundado é bem diferente de um barco vazio. A força do motor eleva a proa. Normalmente isso não é problema, mas a água da cabine corre para a popa, fazendo-a mergulhar ainda mais na água. Agora até os embornais estão submersos, e mais água continua a entrar!

A popa afunda mais, até que o motor se enche d’água e para. Está a cerca de um quilômetro de Lemmer, mas Joris não consegue mais fazer o pequeno veleiro avançar. Percebe que o barco vai encalhar. Está preso ali e aos poucos se afunda. A noite cai. A luz do mastro se apaga e seu celular está molhado. Não funciona. Ansioso, Joris olha em volta. Não há nenhum barco à vista.

– Socorro! – grita para o leste, na direção do litoral de Noordoostpolder. – Socorro! Socorro!

“Em minutos, recebe duas respostas de amigos. “É sério ou brincadeira?”, lê Joris. “Não é brincadeira. Quem brincaria de chamar a polícia?”, responde.”

Mas seus gritos ecoam contra o vazio. E agora? Nesse momento, vê o laptop.

“Estou em apuros no IJsselmeer. Pode chamar a polícia? Não tenho como telefonar, e o barco está encalhado. Está esfriando.” Joris manda o e-mail para a mãe de 70 anos, em Meppel, na esperança de que ela esteja on-line. Mas o e-mail volta. Joris checa a conexão sem fio, que parece funcionar bem.

Há sempre alguns amigos on-line na rede social holandesa Hyves, pensa Joris, principalmente numa noite de sábado. Tiritando dentro do suéter e do casaco, posta uma mensagem. “Alguém pode chamar a polícia? Estou à deriva no cais de Lemmer, meu barco está encalhado, o motor pifou e estou com frio.”

Em minutos, recebe duas respostas de amigos. “É sério ou brincadeira?”, lê Joris. “Não é brincadeira. Quem brincaria de chamar a polícia?”, responde.

Esmeralda, uma amiga de Smilde, responde: “Acabei de falar com a polícia, mas eles não podem fazer nada. Só os bombeiros, que têm barco.” Mas Joris pensa: “Não vai adiantar, nunca virão até aqui.”

Os minutos se passam sem mais notícias no laptop. “E agora?”, pensa Joris. Será que Esmeralda ligou mesmo?

Está escurecendo. Ele então recebe uma nova mensagem da amiga: “O centro da Guarda Costeira me ligou.” Joris sabe que o centro coordena as operações de resgate, executadas pelo posto da KNRM (Real Sociedade Holandesa de Resgates) em Lemmer.

“Exatamente onde você está?”, pergunta a amiga por e-mail. “Perto das comportas de Lemmer”, responde Joris, “mas não sei ao certo onde, porque não dá para enxergar. O último lugar que consegui ver com clareza foi o canal Prinses Margriet.” Esmeralda repassa a mensagem para o centro da Guarda Costeira. Agora, Joris sente muito frio. A escuridão o assusta.

Nessa noite, Eric Bootsma acabou de jantar com a família em Lemmer. O coordenador da KNRM está colocando os três filhos pequenos para dormir quando o bipe toca. Ele olha a telinha: “Nadador em perigo / desaparecido.”

“Não vou aguentar muito tempo”, pensa Joris

“Quem em sã consciência estaria nadando àquela hora?”, pergunta-se enquanto dirige. Ou seria outra coisa? O código de emergência era “prioridade 1”, que também pode indicar incêndio a bordo ou naufrágio.

No abrigo de barcos da sociedade de resgates, oito homens chegam para realizar a operação. Bootsma e os colegas conferem o relatório do pedido de socorro do centro da Guarda Costeira. Houve uma falha de comunicação. Não existe nenhum nadador em perigo no IJsselmeer, e sim um marinheiro num barco que está afundando.

Tremendo de frio, Joris manda outra mensagem pelo Hyves, pedindo aos socorristas que se apressem. “Não vou aguentar muito tempo.” Imagens do que pode acontecer passam por sua mente. Sentado no convés, pode ser vencido pelo frio. Pode cair na água. Nadar até Lemmer seria perigoso, porque a temperatura da água é de apenas 10 ou 12°C.

A hipotermia seria morte certa. E, embora naquele ponto o IJsselmeer tivesse apenas poucos metros de profundidade, quando a água não dá pé, não faz diferença se são três ou trinta metros.

Então, ele recebe uma mensagem de Esmeralda: “Os socorristas estão a caminho.”

Preso por engano: a surpreendente história do homem preso por engano

Fitando o escuro na direção de Lemmer, Joris vê dois holofotes a distância: fachos claros de luz varrendo a superfície. Então tem uma ideia

“Vou acenar com o laptop e eles verão a tela no escuro.” Ele sobe no telhado da cabine e move lentamente o laptop na mão direita. Quando o braço começa a doer, passa o computador para a outra mão.

Um barco de resgate de 15 metros e uma veloz lancha inflável de três metros zarpam do porto de Lemmer no IJsselmeer. O centro da Guarda Costeira lhes manda uma nova mensagem urgente sobre o marinheiro em perigo. “Barco afundando.” Eric Bootsma e os seus homens vasculham as águas com os holofotes. É difícil encontrar um barco tão perto da costa, ainda mais quando está praticamente submerso. O barco grande é equipado com radar, mas as ondas de rádio podem se refletir em objetos em terra.

– Ei! Vamos por ali, vejam que estranho! – grita Eric de repente, ao ver uma luz retangular que se move. As duas embarcações seguem na direção de Joris Hooimeijer. – Olhem, há um homem em cima da cabine! – Apenas a cabine e o mastro estão acima d’água.

Um facho de luz brilha na direção de Joris. “Eles me viram!” Ele consegue ver duas embarcações: um barco grande e uma pequena lancha inflável.

– Vamos levar a lancha até aí. Pule nela – é a ordem.

Quando a lancha se emparelha com a cabine, Joris se arrisca a pular. Os socorristas o agarram pelos braços e pelo tronco. Uma vez a bordo, é enrolado num cobertor. Joris olha, triste, o seu veleiro mais uma vez. “Pena que o meu barquinho terá de ficar para trás…”

– Tive muita sorte – diz Joris. – Sempre gosto de levar o computador comigo, afinal de contas, trabalho com ele. Agora até lhe devo a vida. Foi ótimo ter uma amiga on-line. Acho que nunca mais saio de casa sem o meu laptop.

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Jos Versteegen