O escritor Arthur Rimbaud se tornou um dos maiores escritores da França do século XIX, mas você sabia que ele já foi traficante?
Em março de 1891, um traficante de 37 anos, com uma perna cancerosa, era transportado através do deserto da Arábia com destino a Áden. Fazendo um esforço sobre-humano, Arthur Rimbaud regressava à França, após ter passado dez anos na Arábia e na África, onde trabalhara como comerciante, participara de expedições para obter marfim e fornecera armamentos a obscuras guerras. Negociante relativamente bem-sucedido, conseguira juntar cerca de 30.000 francos – uma quantia apreciável.
Ninguém – e muito menos ele próprio – suspeitaria de que esse aventureiro seria considerado em breve um dos grandes poetas franceses. Desde 1874 não escrevia uma linha e, na França, julgavam-no morto.
Criatividade precoce
Rimbaud escreveu poemas entre os 15 e os 20 anos. Depois de sair de sua cidade natal – Charleville – rumo a Paris, travou amizade com o poeta Paul Verlaine. Juntos, escandalizaram o mundo literário, bebendo absinto, fumando haxixe e ridicularizando acadêmicos ilustres. Ambos ganharam fama, mas a poesia de Rimbaud foi ignorada.
Em 1873, durante uma discussão, Verlaine feriu Rimbaud com um tiro e foi preso. Os outros escritores culparam Rimbaud e afastaram-se dele. Foi então que o poeta compôs Uma Temporada no Inferno e, em seguida, renunciou à poesia.
Conforme ele mesmo diz nesse poema, tentou reinventar a língua, dar “cor às vogais e novo sentido às palavras”. Mas, sentindo que sua obra falhara, certa noite, deprimido, queimou todos os manuscritos. Depois, abandonou a França para vagar pela Europa e pela África.
Graças em grande parte a Verlaine, a obra de Rimbaud começou a ser publicada no final da década de 1880, mas ele nunca soube desse sucesso tardio. Quando finalmente chegou à pátria, em maio de 1891, teve sua perna direita amputada, mas o câncer já se havia propagado. Três meses depois, Arthur Rimbaud morria.