Recentemente, o relacionamento entre Guilherme e Gabi Martins, participantes do BBB 20, provocou questionamentos: estaria Gabi vivenciando um
Julia Monsores | 6 de Março de 2020 às 10:05
Recentemente, o relacionamento entre Guilherme e Gabi Martins, participantes do BBB 20, provocou questionamentos: estaria Gabi vivenciando um relacionamento abusivo? O tema reacendeu a necessidade do debate sobre o assunto, que ainda é a realidade de muitas pessoas, sobretudo mulheres, no Brasil e no mundo. Confira a seguir os sinais de que você pode estar vivendo um relacionamento abusivo sem saber. E o que fazer para sair dessa situação.
Um relacionamento abusivo pode vir de várias formas. Concessões constantes, ciúmes excessivos, violência física, violência psicológica.
Um exemplo disso está na história de uma amiga. Ela se queixava do namorado, que grita com ela e diz que ela trata o cachorro melhor do que o trata. No entanto, sempre que ela tenta sair do relacionamento ele se transforma de rottweiler em poodle e consegue trazê-la de volta.
Ela diz que ainda o ama e me perguntou se deveria lhe dar uma segunda chance. Aposto que todos devem estar pensando: Esse cara não vale a pena.
Mas esse é o problema de estar num relacionamento abusivo: raramente reconhecemos ou admitimos isso. Uma grande amiga minha disse ao noivo que ele devia sorrir mais nas fotos do casamento. Ele teve um ataque de raiva e respondeu que, se ela não gostava da aparência dele, era melhor cancelar o casamento.
Chegou ao extremo de derrubar o equipamento do fotógrafo e sair batendo a porta. Também costuma socar as paredes. Imploramos a ela que reconsiderasse a ideia de selar seu destino com o Sr. Desastre, mas minha amiga disse:
“Ele é assim mesmo. Sei lidar com ele. Não é má pessoa. Só está de mau humor.” Já viu no que vai dar? Nós também.
Os primeiros sinais a observar são a personalidade e as ações do parceiro. Mentiras, ataques frequentes ou inexplicáveis de mau humor, menosprezo pelo outro, distância emocional e física como “punição” pelas brigas, uso de drogas, provocar ciúmes usando outras pessoas e comportamento controlador – tudo isso deveria disparar o alarme. Em geral, esses comportamentos negativos se alternam com bajulações exageradas ou com a entrega súbita do controle ao outro.
Misture comunicação destrutiva, desonestidade, escravidão e exigência de concessões constantes, e lá vem encrenca. O relacionamento abusivo é um jogo constante de poder em que os pratos da balança sobem e descem até os dois lados se reduzirem ao nível mais baixo.
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A negatividade, a destrutividade e o clima de escravidão perpetuam o relacionamento. Você abre mão do que gosta, faz exceções que normalmente não faria, sente-se mal consigo mesma a menos que o parceiro diga o contrário, faz mais em troca de cada vez menos e se sente feliz por manter a relação. A dependência mútua acontece porque você cedeu ao outro o controle da sua vida. O resultado: desastre.
Já conheceu um “agressor silencioso”? Ele trata o parceiro com indiferença ou silêncio. Às vezes também quebra coisas ao redor e diz que está apenas descarregando a raiva. E o “agressor duplo”? Ele fere o parceiro, pede desculpas e depois ameaça se ferir. Se a qualquer momento você é ferido várias vezes por uma série de ações que resultam em medo, isso é agressão. E não sou só eu que digo. “Determinados comportamentos são considerados agressivos mesmo que a vítima sinta que merece.
O importante é o comportamento, não as circunstâncias”, diz Vera Handojo, orientadora do The Counselling Place, centro profissional de orientação que trabalha com clientes do mundo todo. E acrescenta: “O agredido precisa entender por que permite que o agridam; muitas vezes, foi agredido quando criança ou presenciou relacionamentos abusivos. Ele precisa curar essas feridas originais e as dos relacionamentos adultos e depois aprender a valorizar-se, a proteger-se e a autoafirmar-se.”
Agnes (trocamos o nome para proteger a identidade), cingapurense de 49 anos, era constantemente surrada pelo marido. Às vezes revidava, mas nunca saía ganhando.
Ele pedia desculpas e dizia a ela que fora agredido quando garoto e “não conseguia evitar”.
Agnes nunca deixou sua relação abusiva porque temia ficar sem dinheiro e ter de ouvir o que parentes e amigos diriam. Também tinha pena do marido e sentia que ele se esforçava para ser bom, sustentando-a para que não tivesse de trabalhar. Ela buscou orientação, arranjou emprego e, aos poucos, se afastou. “Sabia que, se fosse embora de repente, ele enlouqueceria e eu não sairia viva”, diz ela.
“Se há um nível elevado de violência, pesquisas mostram que a mulher fica mais vulnerável quando tenta sair da relação”, diz Vera Handojo.
“Portanto, é fundamental ter apoio, além de preparar e planejar tudo com cuidado.” É claro que nem todos os relacionamentos são tão extremados. Na maioria, a negatividade emocional é que desgasta o nosso ser.
A falta de autoestima, de dinheiro, de segurança física ou de tudo junto é a marca registrada do mau relacionamento, e é comum haver um clima de escravidão para com a outra pessoa, apesar de tudo. Isso se deve à falta de respeito e de valorização do parceiro, assim como à sensação desequilibrada de controle que cada um tenta exercer sobre o outro. Embora seja difícil sair de uma relação ruim, com certeza não é tarefa impossível.
Lembre-se: não há por que passar por tudo sozinho. Aproveite a rede de amigos e familiares. Abra-se com alguém em quem possa confiar ou converse com um orientador. O primeiro passo, o mais importante, é procurar ajuda; depois é possível começar a jornada rumo à cura e à recuperação.