Apesar de ainda haver muitas perguntas acerca do sono, existem estudos que nos ajudam a entender como ele funciona. Saiba mais aqui.
Rayane Santos | 11 de Outubro de 2021 às 14:00
O sono e o sonho estão entre os maiores mistérios da Psicologia, levantando dúvidas sobre a natureza da consciência. O que acontece quando você dorme? Se você não está consciente, ainda é você mesmo? Qual é o propósito dos sonhos?
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Algumas dessas perguntas ainda não possuem uma resposta. Porém, existem instituições, como a Associação Brasileira do Sono, dedicadas a estudar essa área. Devido a pesquisas realizadas por elas, é possível entender melhor o que acontece enquanto dormimos.
Monitorando as ondas encefálicas e os movimentos oculares de voluntários que dormiam, pesquisadores dividiram o sono em fases, uma representação conhecida como “arquitetura do sono”. Ao adormecer, você entra no estágio 1, sem movimentos oculares rápidos (NREM). Esse é o sono leve, do qual você desperta facilmente.
Depois de sete minutos, em média, tem início o estágio 2. Nos 10 a 25 minutos subsequentes, chega-se ao estágio 3 e, a seguir, ao estágio — o sono profundo. Durante o estágio 4, a maior parte da atividade encefálica diminui e apenas o tronco encefálico — a parte do encéfalo que controla funções básicas, como a respiração — mantém o funcionamento normal.
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Em outras palavras, a “mente” apaga e você desaparece temporariamente — ao menos em termos de personalidade, conhecimento, memórias e outros elementos que fazem você ser quem é. Podem ser necessários até 15 minutos para que uma pessoa desperte por completo do sono profundo.
As necessidades e a qualidade do repouso mudam ao longo da vida. Bebês necessitam dormir de até 17 horas por dia, a maior parte do estágio 3 ou 4, ou sono REM. Aos 60 anos, o padrão é de seis horas de descanso superficial por noite.
Os adultos costumam atravessar as cinco fases do sono aproximadamente a cada 90 minutos, embora o tempo passado em cada fase mude durante a noite e ao longo da vida. Logo que adormece, você passa mais tempo no estágio profundo e apenas alguns minutos no sono REM, mas pela manhã as fases desse estágio podem durar até 30 minutos.
Esse estágio está a apenas um passo da vigília — é chamado pelos pesquisadores de fase de transição —, e, se o telefone tocar ou o bebê chorar, você acorda imediatamente. Dura poucos minutos. Há menos atividade encefálica e é caracterizada por onda teta.
O estágio 2 representa o início do sono verdadeiro. Salvas breves de atividade encefálica, com duração de um ou dois segundos — os fusos de sono —, interrompem a redução progressiva da atividade. As ondas encefálicas ainda são classificadas como ondas teta, mas aos poucos são substituídas por ondas delta, grandes e lentas, conforme o estágio avança.
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Os estágios 3 e 4 NREM são chamados de sono de ondas lentas. Quando as ondas delta representam 20% da atividade encefálica total, chega-se ao estágio 3 NREM; o estágio 4 tem início com 50% de ondas delta.
O primeiro episódio de estágio 4 NREM da noite dura, em média, de 20 a 40 minutos, durante os quais a frequência cardíaca, a pressão arterial e a frequência respiratória alcançam o nível mais baixo. Os estágios 3 e 4 costumam ocorrer nos dois primeiros ciclos de 90 minutos de sono a cada noite.
Também chamado de sono ativo, está associado ao aumento da atividade encefálica durante a qual acontecem os sonhos. As ondas nessa fase são pequenas e rápidas, e as descargas dos neurônios visuais e motores têm a mesma velocidade que durante a vigília. Ao amanhecer, os períodos de REM são mais longos, não importa a que horas a pessoa foi dormir.
Depois de um período de sono profundo, o tronco encefálico envia sinais para despertar e leva o córtex cerebral de volta à consciência. A mente reaparece, mas não no mundo acordado. Em vez disso, tem início a quinta fase — o sono com movimentos oculares rápidos (REM), no qual ocorrem os sonhos.
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Durante o REM, a consciência é isolada das informações provenientes dos sentidos, operando em um mundo de sonhos criados no encéfalo. No entanto, a consciência não está totalmente desligada dos sentidos — se um telefone tocar, por exemplo, o som pode ser incorporado ao sonho.
Durante o REM, a mente é totalmente desligada dos músculos voluntários (com exceção dos músculos oculares), para que as pessoas não traduzam os sonhos em ação — você pode ter a sensação de não conseguir se mover quando, por exemplo, algo amedrontador em um sonho o faz tentar correr. Em algumas pessoas, essa paralisia é prorrogada no estado de vigília, e elas não conseguem se mover por alguns minutos ao acordar.
Os episódios de falar e andar enquanto dorme ocorrem no estágio 4 do sono não REM e, como essa fase é muito profunda, as pessoas não costumam se lembrar do que houve.