O escritor Alex Bellos resolveu descobrir os números da sorte favoritos das pessoas. O 7 ganhou em disparada! Descubra o porquê disso.
Douglas Ferreira | 10 de Março de 2020 às 12:00
Um é o número mais solitário que existe, de acordo com o grupo de acadêmicos conhecido como Three Dog Night. Mas será que há um número (ou muitos números) ainda menos popular do que o 1?
O escritor Alex Bellos resolveu descobrir os números da sorte favoritos das pessoas. Sua pesquisa na internet logo recebeu mais de 30 mil votos de numerófilos do mundo inteiro. Os eleitores citaram muitas razões para elegerem suas escolhas: em geral, uma data ou idade importante ou alguma outra associação positiva.
Em geral, os números ímpares venceram os pares. E Bellos acha que os números terminados em zero são, digamos, redondos demais para o gosto da maioria. “Quando dizemos 100, em geral não queremos dizer 100 exatamente, e sim por volta de 100”, disse ele à revista Nautilus. “Por que escolher como favorito um número tão vago?”
Os números que têm um propósito também foram bastante votados. Por exemplo, o 42 – a “resposta à suprema questão da vida, do universo e de tudo mais”, de acordo com O guia do mochileiro das galáxias – ficou em décimo primeiro lugar. O adorável e simétrico número 8, que em mandarim se pronuncia bā e rima com o caractere chinês fā, significa prosperidade e ficou em terceiro.
O segundo lugar foi o número 3, talvez por suas inúmeras aparições na natureza e na cultura: quantidade de folhas do trevo comum, de porquinhos perseguidos por um lobo famoso, de mosqueteiros no romance de Alexandre Dumas, de desejos oferecidos pelos gênios da lâmpada.
Números muito específicos com funções na geometria também se mostraram populares. Mais de quatrocentas pessoas votaram no pi (3,14), e 103, no 1,618, que, na matemática, é conhecido como proporção áurea, ou proporção divina, e costuma ser encontrado na natureza e na arte.
O vencedor disparado é o 7, que recebeu quase 10% do total de votos. Chocado? Se você já foi a um cassino, não ficaria. Mas o triunfo do 7 também reafirma milhares de anos de fascínio humano. Bellos ressalta que os antigos tabletes babilônicos eram cheios de setes. Também há os sete anões, ossete samurais, os sete pecados capitais e os sete dias na semana. Chegamos até a falar em sétimo céu como a suprema felicidade.
Por outro lado, Bellos desconfia que tudo isso é efeito, e não causa, de nossa obsessão pelo 7. Ele postula que o número é um rebelde frio e egoísta que só segue as próprias regras.
“Dos números que podemos contar nos dedos, de um a dez, o sete é o único que não pode ser dividido nem multiplicado dentro do grupo”, explica ele. Um, dois, três, quatro e cinco podem ser dobrados para obter dois, quatro, seis, oito e dez. Nove é divisível por três. O sete, portanto, é o único número entre dois e dez que não é múltiplo nem divisor dos outros. Dessa maneira, o “sete da sorte” fica isolado.
“Ele é único, solitário, estranho. E os seres humanos interpretam essa propriedade aritmética de maneira cultural”, diz Bellos.
E qual é o verdadeiro número mais solitário? Não é o 1, que ficou em 21º lugar. O menor número inteiro que não recebeu nenhum voto é o 110, que ficou completamente ignorado.