"Navio fantasma" é encontrado nos Estados Unidos; entenda

O navio era da Marinha dos EUA e foi aprisionado por forças japonesas na década de 1940

Luana Viard | 4 de Outubro de 2024 às 17:30

A embarcação estava a cerca de 1.065 metros abaixo da superfície e foi encontrado por drones. - Reprodução / Donald M. McPherson/Naval History and Heritage Command

No dia 1º de agosto, uma embarcação despejou uma carga inusitada em uma área do oceano, localizada a cerca de 112 km a noroeste de San Francisco (EUA): três robôs laranja, cada um com mais de seis metros de comprimento e com um design semelhante a torpedos.

Ao longo de um dia, esses drones subaquáticos navegaram de forma autônoma pelas águas, mapeando quase 130 km² do leito marinho. A aproximadamente 1.065 metros abaixo da superfície, algo foi detectado pelos potentes sonares dos robôs. No meio da escuridão, os drones identificaram uma "sombra".

Descoberta feita por robôs

Os robôs descobriram o wreck do “Navio Fantasma do Pacífico”, o único destróier da Marinha dos EUA que foi capturado pelas forças japonesas durante a Segunda Guerra Mundial. Antigamente chamado de U.S.S. Stewart, ou DD-224, a embarcação estava localizada no que atualmente é o Santuário Nacional Marinho de Cordell Bank.

Três dias mais tarde, outro grupo de robôs subaquáticos registrou imagens do naufrágio histórico. Apesar de estar coberto por décadas de vida marinha — servindo de abrigo para esponjas e caranguejos — o destróier de 96 metros de comprimento encontrava-se quase completamente preservado, erguido no fundo do oceano.

“Esse nível de preservação é excepcional para um navio da sua idade e o torna potencialmente um dos exemplos mais bem preservados de um destróier ‘four-piper’ da Marinha dos EUA”, explicou Maria Brown, superintendente dos santuários nacionais marinhos de Cordell Bank e Greater Farallones, em um comunicado.

A descoberta, realizada durante uma demonstração tecnológica, ressalta a eficácia da exploração oceânica moderna por robôs. A Ocean Infinity, empresa especializada em robótica marinha que operou os drones responsáveis pela descoberta, possui a maior frota de veículos subaquáticos autônomos do mundo.

Esses drones são utilizados para elaborar mapas de alta resolução do fundo do mar, preenchendo uma lacuna importante em nosso entendimento dos oceanos. Além disso, a tecnologia é fundamental para escolher locais para projetos de construção offshore, como parques eólicos e plataformas de petróleo, e para definir rotas para gasodutos e cabos submarinos.

Essas frotas robóticas também têm se mostrado extremamente úteis para arqueólogos marinhos. Em 2020, a Ocean Infinity auxiliou na localização do naufrágio do U.S.S. Nevada. Em 2022, a empresa também foi fundamental para a redescoberta do Endurance, que afundou durante uma expedição de Ernest Shackleton em 1915.

Ponto importante para descobertas oceânicas

“Estamos no meio de, acredito, uma mudança radical na descoberta oceânica”, disse Jim Delgado, vice-presidente sênior da SEARCH, Inc., uma empresa de arqueologia marítima envolvida na descoberta do DD-224.

História do DD-224

O Dr. Delgado ingressou na busca pelo DD-224 há dez anos como diretor de patrimônio marítimo da Administração Nacional Oceânica e Atmosférica (NOAA), que gerencia mais de 1,6 milhão de km² de parques subaquáticos nos Estados Unidos. Arqueólogos marinhos sempre foram intrigados pela história singular da embarcação.

Depois de ser afundado e deixado nas águas próximas a Java em 1942, o DD-224 foi recuperado pelas forças japonesas, que o utilizaram para proteger seus comboios navais. Pilotos aliados relataram ter visto o que parecia ser um de seus próprios navios em território inimigo.

Em uma despedida simbólica após sua recuperação pós-guerra, a Marinha dos EUA restaurou o DD-224, rebocou-o até a Califórnia e, em 24 de maio de 1946, afundou a embarcação no mar durante um exercício de tiro. Após suportar por duas horas o bombardeio, o persistente navio finalmente sucumbiu e afundou.

“Toda a história desse navio foi excepcionalmente bem documentada”, disse Russ Matthews, presidente da Fundação Heritage Air/Sea e membro da equipe de descoberta. “A única peça que faltava nessa história era: como ele se parece hoje?”

Anos de tentativas de descoberta

Matthews passou anos, de maneira intermitente, tentando descobrir as últimas coordenadas conhecidas do navio. Uma pista inicial de um colega, Lonnie Schorer, levou a um comunicado da Marinha dos EUA de 1946 que restringiu a busca para o que hoje é o santuário de Cordell Bank.

No entanto, nenhum dos navios da NOAA que navegaram pela área conseguiu localizar a embarcação, e Matthews e seus colegas não obtiveram financiamento para conduzir a busca de forma independente.

A situação mudou em abril deste ano, após uma reunião entre Matthews e Andy Sherrell, diretor de operações marítimas da Ocean Infinity. A empresa estava interessada em testar o uso simultâneo de vários de seus maiores drones autônomos. Por que não tentar encontrar o DD-224?

Matthews fez uma descoberta ao rastrear as coordenadas do rebocador que transportou o DD-224 para a região onde afundou. Com a autorização da NOAA, a Ocean Infinity se dirigiu ao local. Sherrell observou que, normalmente, mapear uma área de 126 km² — a zona de busca do DD-224 — leva semanas. Contudo, os drones da Ocean Infinity localizaram o navio fantasma em poucas horas “Nós cobrimos a área muito rapidamente e em alta resolução”, disse Sherrell.

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