A ausência de gravidade provoca perda de densidade óssea e muscular, além de alterações na visão e no sistema imunológico.
Nesta terça-feira (18), os astronautas Barry “Butch” Wilmore e Suni Williams retornam à Terra após ficarem quase nove meses "presos" no espaço. Os astronautas que estavam em missão desde o dia 5 de junho quando um imprevisto impediu o retorno deles à Terra voltarão para casa junto com os membros da missão Crew-9, Nick Hague (NASA) e Aleksandr Gorbunov (Roscosmos).
Mas o que acontece com o corpo humano após tanto tempo no espaço? Quais são os desafios físicos e mentais que esses astronautas enfrentarão ao retornar ao planeta? A resposta envolve uma série de mudanças significativas, algumas temporárias e outras que podem deixar marcas duradouras.
O que acontece com o corpo humano se ficar muito tempo no espaço?
Segundo a NASA, a ausência de gravidade no espaço provoca uma série de alterações no organismo. Uma das mais conhecidas é a perda de densidade óssea. No espaço, os ossos perdem cerca de 1,5% de sua massa a cada mês, tornando-se mais frágeis e suscetíveis a fraturas. Isso ocorre porque, sem a ação da gravidade, o corpo "entende" que não precisa manter ossos tão resistentes.
A falta de gravidade também contribui para o enfraquecimento dos músculos, perda de controle motor, coordenação e equilíbrio, levando a um tipo de "enjoo espacial".
Outro efeito curioso da falta de gravidade é o aumento da altura. Durante os primeiros dias no espaço, a coluna vertebral se expande, fazendo com que os astronautas cresçam até 3%. A astronauta Kate Rubins, por exemplo, passou de 1,67m para 1,70m. No entanto, ao retornar à Terra, a gravidade faz com que os astronautas voltem ao tamanho normal.
Além dos efeitos sobre os ossos e músculos, a falta de gravidade também causa uma redistribuição dos fluidos corporais, fazendo com que eles se desloquem para a parte superior do corpo, deixando o rosto inchado e arredondado. Esse deslocamento de fluidos também pressiona os olhos, podendo causar alterações na visão que podem persistir mesmo após o retorno à Terra.
Especialistas da NASA esclarecem também que ficar muito tempo no espaco pode afetar o sistema imunológico. Isso ocorre porque a exposição à radiação cósmica, o estresse do confinamento e as alterações no ciclos de sono podem enfraquecer as defesas do corpo, deixando os astronautas mais vulneráveis a infecções e reativações de vírus latentes.
Como os astronautas fazem para contornar os sintomas
Para mitigar esses efeitos, os astronautas seguem uma rotina rigorosa de exercícios físicos no espaço, dedicando cerca de 2 horas e meia por dia a atividades como corrida em esteira, ciclismo e uso de um dispositivo especial que simula o levantamento de peso na Terra.
Mesmo assim, ao retornar, eles têm que passar por um período de reabilitação que dura aproximadamente 45 dias. Durante esse tempo, uma equipe médica monitora o progresso e ajusta os exercícios para ajudar na recuperação da força muscular e da densidade óssea.
A maioria das mudanças no corpo causadas pela estadia longa no espaço é reversível, mas alguns efeitos podem ser duradouros. Estudos indicam que a exposição prolongada à radiação espacial pode causar alterações até mesmo no DNA, aumentando o risco de problemas de saúde a longo prazo, como câncer por exemplo.