Descoberta tem potencial e uma das pesquisadoras já sugeriu estudos para o futuro.
O isopor, embora seja uma material muito utilizado e aparentemente inofensivo, possui uma grande desvantagem quando o assunto é meio ambiente. Isso porque o processo de reciclagem para o isopor é caro e pode gerar outros poluentes tóxicos, gerando um acúmulo de lixo enorme. Diante desse dilema, um grupo de pesquisadores decidiu explorar formas biológicas de lidar com os resíduos deixados por esse material, e eles obtiveram uma conclusão com considerável potencial.
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Fathiya Kamis é pesquisadora do Centro Internacional de Fisiologia e Ecologia dos Insetos contou ao site de divulgação científica The Conversation que encontraram no Quênia, na África, uma larva capaz de mastigar o poliestireno, material popularmente chamado de isopor. Trata-se do Tenébrio, ou larva-da-farinha, que é a fase larval do besouro Alphitobius.
Embora outros estudos estejam sendo conduzidos para confirmar se a larva é uma subespécie do gênero Alphitobius, os cientistas descobriram que essa larva consegue comer o isopor e hospeda bactérias em seu intestino capazes de descompor o plástico.
Os estudiosos conduziram um teste por mais de um mês para chegar nesses resultados, alimentando as larvas com o poliestireno, com um alimento nutritivo chamado de farelo, ou com uma combinação de ambos. Assim, eles notaram como funcionava o processo de digestão da espécie.
"Descobrimos que as larvas de farinha alimentadas com dieta de farelo e poliestireno sobreviveram em taxas mais altas do que aquelas alimentadas apenas com poliestireno. Descobrimos também que consumiam poliestireno de forma mais eficiente do que aqueles que seguiam uma dieta apenas com poliestireno. Isto destaca os benefícios de garantir que os insetos ainda tenham uma dieta rica em nutrientes", explicou Fathiya.
Portanto, uma alimentação nutritiva é um ponto importante para essas larvas conseguirem decompor o isopor. Além disso, os resultados indicam que as bactérias desempenham um papel crucial na degradação do plástico.
"Descobriu-se que os intestinos das larvas alimentadas com poliestireno contêm níveis mais elevados de Proteobacteria e Firmicutes, bactérias que podem se adaptar a vários ambientes e decompor uma ampla gama de substâncias complexas. Bactérias como Kluyvera, Lactococcus, Citrobacter e Klebsiella também foram particularmente abundantes, e são conhecidas por produzirem enzimas capazes de digerir plásticos sintéticos. As bactérias não serão prejudiciais ao inseto ou ao meio ambiente quando usadas em grande escala", completou a pesquisadora.
Estudo trouxe novas possibilidades
A ideia de que essas bactérias podem decompor plástico leva à possibilidade de isolar o organismos de forma a tratar resíduos em grande escala. Consequentemente, o estudo aponta uma possível medida para reduzir os resíduos, o que é especialmente importante considerando os níveis de poluição em decorrência do plástico. Vale lembrar que o material é responsável por diversos problemas.
Além disso, há ainda a questão da exclusividade da pesquisa, uma vez que investigações acerca de decomposição de plástico e espécies que atuariam nesse processo com um foco na África foram poucas.