Quando as pessoas se encontram, se cumprimentam com um aperto de mão, beijos ou um abraço. Mas por que nos cumprimentamos assim? O aperto de mão está
Julia Monsores | 15 de Agosto de 2019 às 11:00
Quando as pessoas se encontram, se cumprimentam com um aperto de mão, beijos ou um abraço. Mas por que nos cumprimentamos assim?
O aperto de mão está entre os mais antigos e mais universais de todos os gestos sociais, um símbolo de confiança de uma era com mais guerras, porque a mão oferecida em cumprimento é a mão desarmada. Nós apertamos com a mão direita porque esta é a mão com a qual, em geral, socaríamos uma arma. O aperto de mão também poderia desalojar uma arma escondida numa manga. Além disso, a mão direita é preferida porque na cultura árabe e em outras culturas a mão esquerda é considerada “impura” e jamais usada para comer ou cumprimentar.
No antigo Egito e em muitas outras civilizações, o aperto de mão era mais formal, significando um contrato obrigatório. E assim permaneceu até hoje. Na Idade Média, o aperto de mão também marcava um juramento de lealdade. Por volta do século XIX, o aperto de mão havia se tornado um gesto respeitável e um cumprimento cotidiano universal.
A natureza do aperto de mão é significativa na formação da primeira impressão. O caricaturista britânico do século XIX, Thomas Tegg, dizia que se devia “tomar a mão de um estranho com mais cautela do que a de um conhecido”, e jamais “receber a mão de um estranho com frieza ou desconfiança”. Mas a mão de um amigo a quem se conhece bem “pode com certeza ser apertada com bastante afeição, contanto que você sinceramente sinta isso”.
No século seguinte, a guru americana da etiqueta Emily Post endossou a condenação de Tegg àqueles que apertam mãos com vigor demais, que torcem sua mão ou que a seguram frouxamente. Ela concordava que um homem não deveria tomar a mão de uma mulher até que ela a oferecesse.
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Um firme aperto de mão ainda é interpretado como significando sinceridade e força de caráter. Num aperto de mão entre pessoas de condições sociais diferentes, o subordinado, se fosse homem, ajoelhava-se em um dos joelhos. Uma mulher se ajoelhava, como fazia perante Deus, em ambos os joelhos. Dessa prostração plena a mesura se desenvolveu e assumiu sua forma mais reverenciosa na França dos séculos XVI e XVII. Exigia-se que uma mulher se abaixasse, com o joelho direito tocando o chão e a cabeça baixa. Nas cortes medievais da Europa, esperava-se que todas as pessoas, independentemente da idade ou da condição social, se curvassem (ou, se fosse uma mulher, que fizesse uma mesura) quando entrasse ou saísse de um aposento caso pessoas de uma posição social mais alta estivessem presentes.
O ato de curvar-se, que no Japão, na China e na Coreia acompanha o aperto de mão, começou como uma prostração diante de um superior e ainda é um meio de enfatizar o status num relacionamento. Um olá para os colegas é uma rápida flexão num leve ângulo; um cumprimento respeitoso a clientes ou superiores é uma inclinação mais profunda. A inclinação mais baixa, usada para indicar um pedido formal de desculpas, indica vulnerabilidade, mais notavelmente entre samurais e outros expoentes das artes marciais.
O beijo é a mais antiga das formas de vínculos humanos íntimos, porque os bebês “beijam” a mãe quando mamam. A Bíblia registra que Esaú cumprimentava seu irmão Jacó com beijos. Os gregos e os romanos também cumprimentavam uns aos outros com beijos no rosto. E o ato de beijar é retratado em artefatos indianos datando de 1500 a.C. O beijo também era um símbolo de honra. As normas das cortes medievais da Europa exigiam que um senhor beijasse no rosto um cavaleiro recém-consagrado. Em resposta, o cavaleiro beijava a mão do senhor.
Os beijos de cumprimento no rosto e, com frequência, acompanhado por um abraço, ainda é uma demonstração de afeto e boa vontade. Em meados do século XVII, um francês “saudava” uma dama no rosto, e os visitantes da Inglaterra comentavam sobre a predominância da prática do beijo. O escritor de diários Samuel Pepys registra que seu amigo Sir George Cartanet o “beijava calorosamente”. Mas embora continuasse a ser o costume na Europa continental, a prática declinou na Grã–Bretanha nos séculos que se seguiram. E o beijo de intimidade foi substituído pelo aperto de mão.
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