Estudo revela os impactos do aquecimento global na região da Antártida
Luana Viard | 9 de Outubro de 2024 às 13:45
A região mais fria do planeta, a Antártida, está se tornando "verde" em consequência do aquecimento global. Um estudo divulgado na revista Nature Geoscience na última sexta-feira (4) revelou, por meio de imagens de satélite, que a cobertura de gelo tem sido substituída por vegetação de maneira mais rápida nas últimas décadas.
De acordo com o estudo publicado na revista Nature Geoscience, a Antártica tem registrado aumentos consideráveis na temperatura nos últimos 60 anos, com as taxas de aquecimento na Península Antártica sendo significativamente mais altas e ocorrendo de maneira muito mais rápida do que a média global de aquecimento.
Com mais de 90% das geleiras da Península Antártica perdendo massa desde a década de 1940, as análises dos impactos e das reações das mudanças climáticas na Antártida têm se focado principalmente na resposta da criosfera.
"Embora as mudanças na criosfera sejam críticas para a mudança global do nível do mar, um potencial aumento de três vezes na área livre de gelo na Península Antártica até o final do século também significa que é fundamental entender as mudanças biológicas terrestres para esta região, que já detém a maioria da vegetação terrestre da Antártida", diz a pesquisa.
O estudo examinou a área de vegetação na Península Antártica — a parte ao norte da Antártida, mais próxima da América do Sul — no período de 1986 a 2021. Os dados revelaram que a cobertura verde cresceu de 0,9 km² em 1986 para quase 12 km² em 2021.
Os pesquisadores consideram o crescimento "estatisticamente relevante" e afirmam que têm observado "alterações de curto prazo na cobertura de vegetação". Além disso, eles alertam que a velocidade dessas transformações aumenta a cada década.
“Crucialmente, a taxa de mudança na cobertura vegetal aumentou consideravelmente nos últimos anos”, frisa o artigo. O estudo analisa que de 1986 a 2021, o crescimento foi de 0,3 km² ao ano; enquanto entre 2016 e 2021, a vegetação avançou cerca de 0,4 km² ao ano.
“Essa tendência reflete um padrão mais amplo de aumento da vegetação em ecossistemas de clima frio em resposta ao aquecimento recente, sugerindo mudanças generalizadas futuras nos ecossistemas terrestres da Península Antártica e seu funcionamento a longo prazo”, finalizam os pesquisadores.
Os pesquisadores relembram a importância de abordar questões sobre a extensão e a mudança da vegetação: "A melhoria do clima da Península Antártica, juntamente com a redução associada na cobertura de gelo e neve, pode resultar em homogeneização ecológica em escala regional, reorganização de espécies e comunidades, aumento da produtividade e desenvolvimento do solo".
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