Aprender a ouvir é um exercício importante que todos devemos fazer. Vejas as dicas de especialistas que irão ajudá-lo nessa tarefa!
Douglas Ferreira | 19 de Novembro de 2021 às 15:00
Nós nos comunicamos diariamente. Então, por que parece que nem sempre estamos realmente conectados? O fato é que os maus hábitos e a falta de conhecimento de ferramentas úteis podem estar impedindo você de ter o melhor relacionamento possível com a família, os amigos e os colegas.
Pense nessas dicas de especialistas e aprenda a ouvir e ser ouvido de verdade.
Antes que uma palavra seja dita, seu estado emocional pode influenciar a qualidade da discussão. Por exemplo, quando nos estressamos, as funções superiores do cérebro enfraquecem temporariamente, o ponto de vista se restringe e ficamos menos capazes de ouvir o que está sendo dito.
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Se for preciso abordar um assunto delicado, é melhor esperar até que esteja calmo. E, se a conversa esquentar, lembre-se de que intervalos para descansar não são só para crianças.
“Você pode dizer que precisa de uma pausa”, sugere Jacqueline Peters, coach de relacionamentos, executivos e equipes da empresa InnerActive Leadership Associates, de Calgary, no Canadá.
“Mas explique à outra pessoa que voltará à questão mais tarde, numa hora marcada, para que essa estratégia não se torne um meio de evitar conflitos.”
Muitas vezes, as pessoas começam conversas importantes depois de ensaiar até cansar sua própria posição, o que pode ser contraproducente.
“Não chegue pensando que só há uma solução e que você já sabe qual é”, diz Misha Glouberman, treinador de comunicações de Toronto. Em vez disso, ele sugere um esforço conjunto para resolver o problema pensando nos resultados que são realmente importantes para você e, depois, mantendo a mente aberta.
Por exemplo, se a árvore da vizinha solta folhas em seu gramado e sua artrite dificulta usar o rastelo, você pode simplesmente exigir que ela derrube a árvore. É uma solução possível, mas o que mais importa para você é ter menos trabalho no quintal.
Talvez uma cerca mais alta ajude. Ou, se conversar com a vizinha sobre suas necessidades, pode ser que ela sugira mandar os filhos limparem as folhas e depois tomar um refresco.
Tentar se comunicar sem saber a posição do outro é como tentar enfiar a linha na agulha no escuro. “As pessoas ficam muito concentradas em contar primeiro seu lado da história”, explica Jacqueline. “Mas gosto muito de começar fazendo perguntas.”
Ela diz que isso ajuda a evitar pressupostos – você acha que sabe sobre o que o outro concorda ou discorda de você, mas pode estar enganado.
Por exemplo, se estiver respondendo a alguém, pergunte primeiro se o outro tem ideia de qual é exatamente o problema.
“Isso é ainda mais pertinente quando se tem poder sobre o outro, como numa relação entre pais e filhos ou entre chefes e funcionários”, alerta Ric Phillips, presidente da 3V Communications, empresa de treinamento e orientação de Toronto.
“Se você lhe der sua avaliação unilateralmente, a outra pessoa pode achar que precisa fingir que concorda.”
Interpretar a linguagem corporal não é uma ciência exata, e um gesto específico nem sempre tem o mesmo significado. Dito isso, podemos, sim, ter palpites, e a evolução nos preparou para perceber o desconforto dos outros.
“Pode ser no corpo, no rosto ou na voz”, explica Phillips. “Seu instinto natural é um sistema de alarme bastante bom.”
Se algo parecer esquisito, faça perguntas, sugere Peters.
“Você pode dizer: ‘Ei, notei uma pequena mudança no clima da conversa. O que pensa sobre o que eu disse? Algo não lhe soou bem?’”
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Desse modo, verá se foi mal compreendido, se o outro hesita em dar sua opinião ou se, sem querer, você feriu seus sentimentos. Notar a infelicidade em tempo real lhe permite abordar o problema na hora, antes que azede.
Às vezes, é perfeitamente aceitável que alguém fale quase o tempo todo – numa palestra, entrevista ou sessão de terapia, por exemplo. Mas, numa conversa, a proporção deve ser mais ou menos homogênea. Os exames cerebrais por imagem mostram que falar de si mesmo tende a ativar o sistema de recompensa da dopamina.
Como todos têm o mesmo prazer, combata a ânsia de se entregar à conversa narcisista e dê alguma atenção ao outro.
As respostas que trazem o tema para você (por exemplo, “Também acabei de comprar uma casa! Planejo passar o ano que vem reformando”) deveriam ser equilibradas com respostas que mostrem interesse pelo outro (como “Parabéns, em que bairro fica sua casa nova?”).
Uma reação comum às críticas é parar de escutar, e pode ser difícil transmitir seu ponto de vista se você puser o outro na defensiva. Uma estratégia sensata é abordar a situação declarando de que modo ela influencia seus sentimentos, em vez de descrever a outra pessoa em termos negativos.
Você diria “Estou estressado com minha carga de trabalho” em vez de “Você criou um ambiente profissional pavoroso”, ou “Sinto-me ignorada quando faço uma pergunta e você não responde”, em vez de “Você é mau ouvinte”.
Se a situação é aceitável ou não ou se o culpado é este ou aquele podem ser tópicos para debates. Mas nossos sentimentos são fatos inquestionáveis e, portanto, um bom ponto de partida.
No entanto, não se apoie simplesmente na declaração do “eu”. “O que importa é a atitude subjacente, não as palavras exatas”, diz Glouberman, advertindo que a linguagem não julgadora pode soar falsa se não combinar com o estado de espírito empático.
Transmitir gratidão é muito valioso em relacionamentos. “Talvez pareça piegas, principalmente no ambiente de trabalho, mas pode ser feito sem parecer forçado”, diz Jacqueline.
“O truque é esperar o momento em que você sentir verdadeiro apreço por alguma coisa.”
Não precisa ser nada revolucionário; mesmo que alguém tenha meramente cumprido uma tarefa que faça parte de suas atribuições, você pode se sentir contente porque o serviço foi bem-feito. Diga isso à pessoa.