Dia 20 de Novembro é o dia da Consciência Negra. Entenda quem foi Zumbi dos Palmares. A data é em referência a morte de Zumbi.
Douglas Ferreira | 20 de Novembro de 2021 às 15:00
O Dia da Consciência Negra é uma data voltada para a reflexão sobre a inserção das pessoas negras na sociedade. Celebrado hoje, 20 de Novembro, o dia coincide com a data da morte de Zumbi dos Palmares, um símbolo de resistência contra a escravidão.
A importância dessa data e a escolha de referência a Zumbi nos faz querer entender melhor quem foi Zumbi dos Palmares e sua importância na luta antiescravista.
O termo já é conhecido desde 1978. Em uma reunião do Movimento Negro Unificado (MNU) ficou decidido que a data de morte de Zumbi dos Palmares seria o dia da Consciência Negra. Um dia criado para relembrar a luta dos negros escravizados no período escravista no Brasil.
Em 2003, no governo do ex-presidente Lula, a data foi oficialmente reconhecida como Dia Nacional da Consciência Negra, através da Lei nº 10.639. Além disso, a temática “História e Cultura Afro-brasileira” tornou-se componente curricular obrigatório nas escolas.
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Já no Governo Dilma, em 2011, a Lei nº 12.519 tornava a data oficialmente o Dia Nacional de Zumbi e da Consciência Negra.
Em alguns estados brasileiros a data é feriado. No entanto, não é feriado nacional, apenas em Alagoas, Amazonas, Amapá, Mato Grosso, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul.
Um dos grandes líderes da história negra no Brasil, Zumbi dos Palmares se tornou um símbolo na luta contra a escravidão. Nascido em 1655, no estado de Alagoas, Zumbi liderou o Quilombo dos Palmares, o maior quilombo brasileiro do século XVII.
Zumbi nasceu livre, mas foi capturado quando tinha 7 anos de idade e entregue a um padre católico, de quem recebeu o nome de Francisco. Passados alguns anos, quando já estava com 14 anos, Zumbi teria fugido e voltado para o Quilombo de Palmares.
Após essa captura, Zumbi chegou a ser batizado e alfabetizado pelo padre. No entanto, há historiadores que questionam a veracidade dessa parte da história de Zumbi, pela falta de evidências que comprovem.
Historiadores contam que Zumbi teria se tornado líder após desentendimentos com Ganga Zumba, até então, líder de Palmares.
Zumba havia aceitado uma oferta de paz portuguesa em troca disso, iria para outra aldeia, escolhida pelos portugueses, os escravizados fugidos seriam retomados para as fazendas e apenas quem nasceu no quilombo seria livre. Esse aceite dividiu Palmares.
A história conta que Zumba havia aceitado pois estava sendo chantageado pelos portugueses, que sequestraram seus familiares e usavam como moeda de troca.
No entanto, boa parte do quilombo se voltou contra ele, inclusive Zumbi. Zumba foi morto, e não há registro de quem foi responsável por sua morte. Mas, após a morte dele, Zumbi se tornou o novo líder de Palmares.
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A história de Zumbi está infinitamente atrelada ao Quilombo dos Palmares. É difícil desassociá-la. Zumbi foi líder do maior e mais longevo quilombo brasileiro.
O Quilombo dos Palmares surgiu no fim do século XVI e estava localizado na região da Serra da Barriga. Essas aldeias estavam espalhadas por onde hoje se localizam os estados de Alagoas e Pernambuco.
Era composto por cerca de 18 mocambos, que são aldeias formadas pelos escravizados que conseguiam fugir. O principal dos mocambos era o Mocambo dos Macacos, que reuniu cerca de 6 mil negros refugiados. Ao todo, Palmares chegou a reunir 20 mil habitantes.
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Existem poucas fontes sobre o Quilombo dos Palmares, o que dificulta o trabalho dos historiadores. Além disso, contam que muitos dos relatos existentes foram feitos por europeus. O que faz com que apenas uma parte da história seja contada.
Apesar de ter surgido no fim do século XVI, o quilombo passou por um crescimento na década de 1630 e começou a decair a partir da década de 1680. No crescimento, as lutas entre holandeses e portugueses no nordeste brasileiro foram o principal motivo.
A decadência se deu após diversas investidas das tropas portuguesas. Por fim, quem conseguiu derrubar o quilombo dos Palmares foi a expedição do bandeirante Domingos Jorge Velho, que ganhou o direito de escravizar parte dos negros refugiados e tomar posse sobre parte das terras que abrigavam o quilombo dos palmares.