Com o avanço da vacinação e a queda de casos de Covid-19, o turismo pós-pandemia tende a crescer. Mas será que você está preparado?
Quando Gustavo acordou naquele sábado, no início de outubro de 2021, o dia ainda estava amanhecendo. Embora o voo para Imperatriz, no Maranhão, estivesse marcado somente para as 11h, a expectativa era tão intensa que foi impossível ficar na cama. O destino final, o Parque Nacional das Chapadas das Mesas, iria compensar meses de home office e infinitas lives corporativas.
Com a pandemia, a vida do jovem analista financeiro tinha se transformado em uma espécie de retiro digital solitário. Era preciso viajar. Era preciso saber como estava a vida lá fora.
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O turismo foi um dos setores mais atingidos pela pandemia da Covid-19, que praticamente paralisou suas atividades por quase dois anos. Durante esse período, hotéis e aeroportos precisaram se adaptar a uma série de protocolos sanitários, mas que, agora, com a vacinação massiva da população, começam a ser gradativamente flexibilizados. Para 2022, a expectativa do setor é de uma retomada vigorosa, a fim de atender a uma demanda fortemente reprimida após um longo período de isolamento social. Mas a pandemia, de certa forma, marcou a vida de todos e a forma de encarar tudo, que antes era comum; e algumas mudanças vieram para ficar e caracterizar o novo normal.
Passaporte sanitário
O setor hoteleiro experimentou alterações drásticas durante a pandemia. Atuando com um terço de sua capacidade operacional, a fim de garantir o distanciamento social entre os hóspedes, os hotéis introduziram rígidos mecanismos de segurança sanitária, com ênfase na higienização, na reorganização das áreas comuns e no uso incondicional de máscaras. Evitar a aglomeração era a palavra de ordem. Para 2022, embora ainda não exista um protocolo nacional sobre e exigência do passaporte sanitário (comprovante de vacinação), o sentimento do setor é de que a obrigatoriedade da apresentação do comprovante da imunização contra a Covid-19 deva ocorrer em todos os meios de hospedagem, principalmente nas capitais e grandes cidades.
Sem máscaras
A permanência dos principais protocolos de segurança sanitária que foram implantados nos hotéis durante a pandemia, como o distanciamento nos elevadores e restaurantes, devem ser reduzidos. Para Ana Luiza Assis, sócia da agência de viagens TravelPlace, o distanciamento “tende a ser deixado de lado, acompanhando a flexibilização dos bares e casas noturnas”. Ela acredita que a medição de temperatura ainda vá permanecer por mais um tempo no momento do check-in, bem como a disponibilização do álcool em gel. Já o uso de máscaras possivelmente só será exigido em ambientes fechados.
Aeroportos
Com a pandemia controlada e a maioria da população já vacinada, a retomada das viagens nacionais e internacionais acontece naturalmente. Mas o cenário impessoal dos aeroportos ganhou nova decoração com a presença dos totens de álcool em gel, dos adesivos que demarcam o distanciamento social, dos medidores de temperatura a distância e das placas sinalizando a obrigatoriedade do uso de máscaras.
Se, por um lado, os novos adereços podem se tornar obsoletos daqui a pouco tempo, por outro, algumas mudanças introduzidas na rotina operacional dos aeroportos devem ser incorporadas definitivamente. O chek-in on-line, com a geração do cartão de embarque, que já vinha sendo estimulado antes da pandemia, tornou-se um dos principais mecanismos para evitar a aglomeração, e agora é uma realidade em todos os aeroportos do país. Ganha-se tempo, e a maioria das companhias permite a escolha do assento. Bandejas individuais para a colocação de pertences, na hora de acessar o embarque, também foram incorporadas definitivamente.
Todos os principais aeroportos do país tiveram suas estruturas ajustadas às medidas determinadas pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) no combate ao novo coronavírus. Mesmo com a proteção da vacina, o distanciamento social, a fim de evitar as aglomerações, é um modelo que, dentro do possível, deve ser preservado como uma medida de garantia sanitária.
Distanciamento que Gustavo não viu quando embarcou para Imperatriz. Na verdade, o aeroporto no Rio de Janeiro estava completamente lotado, nas palavras do jovem analista. “Não esperava encontrar tanta gente viajando, mesmo com a alta nos preços das passagens.” Outra diferença que ele observou foi a inexistência do serviço de bordo. “Nada foi servido durante um voo de cerca de cinco horas.”
Mas, na pousada em que se hospedou, Gustavo contou que, se não fosse pela obrigação do uso de luvas e máscaras para se servir no bufê, a rotina estava como nos velhos tempos antes da pandemia. Afinal, ele estava em um santuário ecológico, repleto de cânions, cavernas, cascatas e cachoeiras. Os meses sem fim de trabalho solitário à frente de uma tela de computador foram regiamente recompensados. Nunca viajar foi tão necessário como agora.