A terapia de casal ajuda a reduzir discussões e promove maior entendimento no relacionamento afetivo, ainda mais durante a pandemia.
Julia Monsores | 22 de Junho de 2021 às 14:00
O número de divórcios feitos em cartórios de notas do país subiu 26,9% de janeiro a maio deste ano em relação ao mesmo período de 2020. Foram 29.985 separações nos cinco primeiros meses de 2021 contra 23.621 de janeiro a maio do ano passado, segundo os dados do Colégio Notarial do Brasil. A vida em isolamento, ou com distanciamento social, não tem sido fácil para os casais.
Para alguns, esse período, principalmente, tem sido um verdadeiro teste de sobrevivência para o relacionamento. Não à toa, a busca por técnicas terapêuticas, como a terapia de casal, cresceu consideravelmente neste período.
“A terapia de casal gera menos briga e mais carinho, bem como menos rotina e mais interação. Menos cara fechada também e mais beijos, menos achismo e mais conversa, menos celular e mais conexão na cama”, afirma o psicólogo Rafael do Vale.
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A proposta da terapia de casal vem para aprofundar o autoconhecimento. Sobretudo para que cada um dos integrantes da relação possa entender o seu papel e de que forma pode agir para, também, colocar-se no lugar do outro.
“Vários pontos contribuem para que a relação não se afunde no abismo da separação indesejada. A fidelidade e a confiança são dois pilares essenciais. Na terapia de casal, as propostas também devem incluir a importância do conhecimento do comportamento nas relações interpessoais. Além disso, as formas de reconhecimento do amor entre os envolvidos. Muitas vezes, as pessoas precisam identificar os valores pertinentes aos seus papéis na relação e focar seus comportamentos com o objetivo de uma vida conjugal e familiar mais significativa”, explica o psicólogo.
Embora não haja números que demonstrem crescimento significativo no número de divórcios no Brasil durante a pandemia, a percepção, tanto de psicólogos quanto de advogados e relatos de amigos, é de que os conflitos conjugais escalaram desde o início do confinamento e de que o número de separações passou a estar em alta.
De acordo com o psicólogo Rafael do Vale, assuntos ligados à rotina da casa e da família, como a divisão das tarefas domésticas e a educação dos filhos, e questões ligadas à sexualidade, como ciúme e falta de vontade de ter relação sexual, estão entre os principais motivos que levam os casais a buscar ajuda psicológica, tanto antes do isolamento quanto agora.
“O que está por trás dos conflitos é quase sempre a falta de disposição para sentar e conversar. Com o tempo, essa falta de intimidade pode custar caro às relações. Ainda mais num período em que as pessoas estão mais sensíveis, confusas, impacientes e sob pressão”, afirma.
As sessões mediadas por uma pessoa neutra, o psicólogo, dão a chance de cada parte do casal expressar o que sente e ser escutada pelo outro. “O que nem sempre acontece no dia a dia, porque as conversas acabam virando briga ou sequer há diálogo”, acrescenta.
Motivos para fazer terapia de casal? Decisões, brigas, filhos, sexo, comunicação, família de origem, prevenção, trabalho, ciúmes e dinheiro. Alguns estudos indicam que muitos casais esperam pelo menos seis anos para buscar ajuda quanto a problemas conjugais sérios. Isso aumenta a chance de o problema ficar tão arraigado e o casal tão angustiado que o aconselhamento será menos eficaz.
Desse modo, como você dificilmente esperaria alguns anos para consultar o médico sobre uma dor forte, é necessário usar a mesma abordagem de “buscar ajuda imediatamente” para o seu relacionamento.