Ao todo 2.452 obras literárias foram inscritas no Prêmio Oceanos 2022. Mas o júri já selecionou as 65 obras que estarão na semifinal.
Surgido no Brasil em 2003, o Prêmio Oceanos é uma das principais referências no cenário literário nacional e internacional. O prêmio que contempla literaturas de língua portuguesa publicadas em qualquer lugar do mundo, está na sua 19ª edição.
De início, levava o nome de Prêmio Portugal de Literatura Brasileira, mas em 2007 passou a se chamar Prêmio Portugal Telecom de Literatura em Língua Portuguesa. E contava com o patrocínio da empresa portuguesa de telecomunicações, Portugal Telecom.
Neste período, o prêmio passou a contemplar todos os livros escritos em língua portuguesa publicados no Brasil. Isso se deu até 2015, quando saiu a empresa portuguesa e entrou o Banco Itaú.
Patrocinador principal e responsável pela parte operacional, foi na gestão do Itaú que o Prêmio teve o regulamento aperfeiçoado e ampliado. Com intuito democrático e de promoção da diversidade, foi renomeado para o atual Prêmio Oceanos.
Dois anos depois, passou a contemplar obras escritas em língua portuguesa publicadas em qualquer lugar do mundo. Sendo assim, mudou de patamar e tornou-se um prêmio transnacional.
Em 2019, foi consolidada uma nova parceria com a Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP). A ação possibilitou um amadurecimento da premiação e é importante para promover diversidade e a qualidade da produção literária em língua portuguesa. Mas como é feito o processo do Prêmio?
Processo
Entre maio e agosto de 2022, foram lidas e avaliadas todas as obras. Para isso, foi criado um júri composto por 122 escritores, poetas, professores e críticos literários. Este júri selecionou 65 obras para etapa semifinal e elegeu, por voto, o júri intermediário e o júri final.
Inscrições para o Prêmio Oceanos
Comparada a 2021, esta edição teve um aumento de 34% nas inscrições. Foram escritos autores de 17 diferentes nacionalidades e publicados em 7 países: Angola, Brasil, Cabo Verde, Estados Unidos, Guiné-Bissau, Moçambique e Portugal.Destaque para o continente africano, que aumentou 121% o número de participantes. Então foram 62 livros, destes, 18 em Angola, 8 em Cabo-Verde, 3 em Guiné-Bissau, 31 em Moçambique e 2 em São Tomé e Príncipe.
Semifinalistas
A edição de 2022 contou com a inscrição de 2.452 livros. Todos lidos por três jurados, que avaliaram as obras em notas de 0 a 10. Em primeiro momento, a ideia era selecionar 50 semifinalistas, porém, com alto número de empates, o número final ficou em 65.
Foram inscritas obras de diferentes nacionalidades e 40 editoras diferentes. 25 do Brasil, 11 de Portugal, 3 de Moçambique e uma de Cabo Verde. Destas, 27 são romances, 18 livros de poesias, 14 contos, 5 crônicas e uma dramaturgia. Agora veja os semifinalistas:
– A gaivota ou a vida em torno do lago, de Susana Fuentes | 7Letras – Poesia brasileira
– A nota amarela, de Gustavo Melo Czekster | Zouk – Romance brasileiro
– A pediatra, de Andréa Del Fuego | Companhia das Letras Brasil e Portugal – Romance brasileiro
– Afastar-se (treze contos sobre água), de Luísa Costa Gomes | D. Quixote – Conto português
– Alguns dias violentos, de Ismar Tirelli Neto | Macondo – Poesia brasileira
– América – um poema de amor, de Mariana Ianelli | Ardotempo – Poesia brasileira
– Área de broca, de Luciana Tiscoski | Nave – Conto brasileiro
– As doenças do Brasil, de Valter Hugo Mãe | Porto e Biblioteca Azul – Romance português
– As formigas do Tavinho e outras recordações, de Almiro Lobo | Alcance – Conto moçambicano
– Atirar para o torto, de Margarida Vale de Gato | Tinta-da-china e Macondo – Poesia portuguesa
– Autobiografia não autorizada, de Dulce Maria Cardoso | Tinta-da-china – Crônica portuguesa
– Baixo esplendor, de Marçal Aquino | Companhia das Letras – Romance brasileiro
– Bicho geográfico, de Bernardo Brayner | Cepe – Romance brasileiro
– Clube dos niilistas, de Tom Correia | Urutau – Conto brasileiro
– De cada quinhentos uma alma, de Ana Paula Maia | Companhia das Letras – Romance brasileiro
– Degeneração, de Fernando Bonassi | Record – Romance brasileiro
– Deste silêncio em mim, de Rui Conceição Silva | Visgarolho – Romance português
– Deus Pátria Família, de Hugo Gonçalves | Companhia das Letras Portugal – Romance português
– Discurso sobre a metástase, de André Sant’Anna | Todavia – Conto brasileiro
– Elefantes no céu de Piedade, de Fernando Molica | Patuá – Romance brasileiro
– Essa palavra eu não falo, de Luiza de Carvalho Fariello | Patuá – Conto brasileiro
– Eu confundi um vaga-lume com um acidente de avião, de Vinícius Mahier | Macondo – Poesia brasileira
– Impressão sua, de André Dahmer | Companhia das Letras – Poesia brasileira
– Introdução à pintura rupestre, de José Tolentino Mendonça | Assírio & Alvim – Poesia portuguesa
– Jerusalém de nós – peça em um ato, de Leo Lama | É Realizações – Dramaturgia brasileira
– Líbano, labirinto, de Alexandra Lucas Coelho | Editorial Caminho – Crônica portuguesa
– Máquina, de Eleazar Venancio Carrias | Urutau – Poesia brasileira
– Maremoto, de Djaimilia Pereira de Almeida | Relógio D’Água – Romance luso-angolano
– Menino sem passado, de Silviano Santiago | Companhia das Letras – Romance brasileiro
– Minha raiva com uma poesia que só piora, de Carol Braga | Urutau – Poesia brasileira
– Mobiliário para uma fuga em março, de Marana Borges | Dublinense – Romance brasileiro
– Mundo, de Ana Luísa Amaral | Assírio & Alvim Portugal e Brasil – Poesia portuguesa
– Museu da Revolução, de João Paulo Borges Coelho | Editorial Caminho e Kapulana – Romance moçambicano
– Nós só compreendemos muito depois, de Laís Araruna de Aquino | Corsário-Satã – Poesia brasileira
– Notas sobre a impermanência, de Paula Gicovate | Faria e Silva – Romance brasileiro
– O caçador de elefantes invisíveis, de Mia Couto | Fundação Fernando Leite Couto e Editorial Caminho – Conto moçambicano
– O canto dela, de Ana Kiffer | Patuá – Romance brasileiro
– O castiçal florentino, de Paulo Henriques Britto | Companhia das Letras – Conto brasileiro
– O deus das avencas, de Daniel Galera | Companhia das Letras – Conto brasileiro
– O drible da vaca, de Mario Prata | Record – Romance brasileiro
– O evangelho segundo Madalena, de Marcelo Pagliosa | Reformatório – Romance brasileiro
– O livro do homem líquido, de Pedro Pereira Lopes | Gala-Gala Edições – Conto moçambicano
– O livro dos pequenos nãos, de Heloisa Seixas | Companhia das Letras – Romance brasileiro
– O mais belo fim do mundo, de José Eduardo Agualusa | Quetzal – Crônica angolana
– O réptil melancólico, de Fábio Horácio-Castro | Record – Romance brasileiro
– O rinoceronte na parede, de Frederico de Oliveira Toscano | Urutau – Conto brasileiro
– Quarentena – uma história de amor, de José Gardeazabal | Companhia das Letras Portugal – Romance português
– Quem tá vivo levanta a mão, de Maria Fernanda Elias Maglio | Patuá – Conto brasileiro
– O som do rugido da onça, de Micheliny Verunschk | Companhia das Letras – Romance brasileiro
– Purgatório, de Pedro Eiras | Assírio & Alvim – Poesia portuguesa
– Querida cidade, de Antônio Torres | Record – Romance brasileiro
– Resistências íntimas e outros itinerários, de Lucilene Machado | Patuá – Crônica brasileira
– Risque esta palavra, de Ana Martins Marques | Companhia das Letras – Poesia brasileira
– Safras de um triste outono, de Arménio Vieira | Rosa de Porcelana e Casa Brasileira de Livros – Poesia cabo-verdiana
– Só as hienas matam sorrindo, de Aramyz | Urutau – Conto brasileiro
– Também guardamos pedras aqui, de Luiza Romão | Nós – Poesia brasileira
– Tornado, de Teresa Noronha | Exclamação – Romance moçambicano
– Transfer, de Kevin Kraus | Editacuja – Crônica brasileira
– Tristia, de António Cabrita | Porto – Poesia portuguesa
– Um nome inteiro disposto à montaria, de Caetano Romão | 7Letras – Poesia brasileira
– Uma exposição, de Ieda Magri | Relicário – Romance brasileiro
– Vazão 10.8 – a última gota de morfina, de Diógenes Moura | Vento Leste – Romance brasileiro
– Vingar, de Danielle Magalhães | 7Letras – Poesia brasileira
– Virando o Ipiranga, de Guilherme Purvin | Terra Redonda – Conto brasileiro
– Vista Chinesa, de Tatiana Salem Levy | Todavia e Elsinore – Romance brasileiro
Avaliação
A avaliação é realizada basicamente por dois júris. Estes, foram formado pelo júri anterior, responsável pela seleção dos semifinalistas. Na prática será assim:
Júri Intermediário
Formado por Jeferson Tenório, Nina Rizzi, Paulo Scott e Prisca Agustoni, do Brasil; João Luís Barreto Guimarães e José Riço Direitinho, de Portugal; e Teresa Manjate, de Moçambique. O júri Intermediário terá a missão de selecionar os 10 livros que farão a disputa final do Prêmio Oceanos.
Júri Final
O júri Final será o responsável em avaliar as 10 obras selecionadas pelo intermediário. Por fim, irão definir os três títulos vencedores do Prêmio Oceanos 2022.
Recompensas do Prêmio Oceanos
Além do título, os ganhadores levarão uma quantia em dinheiro que será distribuída da seguinte maneira:
- Primeiro colocado – R$120 mil
- Segundo colocado – R$ 80 mil
- Terceiro colocado – R$ 50 mil
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