Pesquisadores encontram rochas plásticas em ilha remota no litoral brasileiro

Rochas plásticas encontrada na Ilha de Trindade (ES) geram alarme para influência humana no meio ambiente.

Carol Ávila | 16 de Março de 2023 às 11:48

- Imagem: Reprodução / Rodolfo Buhrer - Reuters

"Isso é realmente muito novo e ao mesmo tempo assustador", afirmou a geóloga Fernanda Avelar Santos sobre a preocupante descoberta de detritos plásticos nas rochas da Ilha da Trindade, no Espírito Santo. Rochas feitas de resíduos plásticos na ilha, que é um dos principais refúgios de tartarugas do Brasil, têm gerado alarme para ambientalistas.

Fernanda Avelar Santos, geóloga da Universidade Federal do Paraná, juntamente de sua equipe, estima que o plástico é oriundo das redes de pesca, que chegam pela corrente oceânica e se depositam nas praias. 

A inflência do homem na Ilha de Trindade

A pesquisa estima que o plástico derretido se fundiu às rochas da Ilha de Trindade, o que evidencia a influência humana na área. Em entrevista à Folha de São Paulo, Fernanda apontou o antropoceno, ou seja, a ocupação humana na Terra, como fenômeno preocupante para a preservação do meio ambiente.

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"O que gente fala tanto do antropoceno é isso, o antropoceno é isso daqui. Uma poluição, o lixo no mar, o plástico despejado de maneira incorreta nos oceanos, está transformando e se transformando em material geológico que pode ficar preservado no registro (do planeta)", disse Fernanda Avelar.

Imagem: Reprodução / Agência Marinha 

 

A Ilha de Trindade, localizada à 1.140 quilômetros do Espírito Santo, é uma importante área de riqueza ambiental no país. A área já corresponde a uma das maiores reservas marinhas do Brasil. Porém, as pesquisas em torno do arquipélago ainda são poucas. Ainda assim, do pouco que se conhece da região, já percebe-se a grande singularidade ambiental.

No entanto, o cenário de destruição na ilha pode ser irreversível para a continuação das pesquisas. De acordo com o biólogo João Luiz Gasparini, que fez parte de uma expedição na ilha no ano de 2018, "se não protegermos uma boa parte, vamos acabar perdendo antes mesmo de descobrir a riqueza da cordilheira". Ele acrscenta: "a gente ainda mal arranhou a casca do ovo da biodiversidade da cadeia Vitória-Trindade".